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REUMATOLOGIA: MERCADO E RESIDÊNCIA

  • Foto do escritor: SAIBA+
    SAIBA+
  • 1 de set. de 2020
  • 3 min de leitura

A reumatologia surgiu, inicialmente, objetivando atender pacientes que apresentavam queixas de dor, inflamações, incapacidade e incômodos nas articulações, de forma principalmente crônica, procurando o alívio de manejo conservador. Na procura da origem desses sintomas e sinais, desenvolveu-se a investigação de causas sistêmicas ou locais, não traumáticas para explicar cada caso e tratar de maneira mais adequada e especifica. Assim, o espectro da reumatologia estendeu-se, incluindo queixas que afetam ossos, articulações, músculos e tecidos adjacentes. Com o progresso médico científico, a reumatologia também passou a abranger doenças que envolvem alterações da imunidade (as doenças autoimunes) e, mais recentemente, distúrbios metabólicos, que podem ou não cursar com manifestações que afetam o sistema musculoesquelético.

Em resumo, as metas de um reumatologista são: aliviar a dor e o sofrimento; preservar a mobilidade; promover melhor qualidade de vida.


TEMÁTICAS

As principais doenças acompanhadas pelo reumatologista são classificadas pelo mecanismo de lesão:

  • Doenças difusas do tecido conjuntivo: lúpus sistêmico, artrite reumatoide, esclerose sistêmica, doença muscular inflamatória, policondrite recidivante, doença mista do tecido conjuntivo, Síndrome de Sjogren;

  • Doenças osteometabólicas: osteoporose, doença de Paget, osteomalácia, hiperparatireoidismo;

  • Vasculites sistêmicas: poliangeíte granulomatosa, artrite temporal, poliarterite nodosa, entre outras;

  • Doenças degenerativas: osteoarterite;

  • Reumatismos extra-articulares: fibromialgia, bursites, tendinites, fasceíte plantar;

  • Espondiloartrites;

  • Artropatias microcristalinas: gota e condrocalcinose;

  • Artropatias reativas: febre reumática, doença Lyme, hepatite C, artrites infecciosas, osteomielite;

  • Artropatias secundárias e doenças não reumáticas: diabetes, neoplasias, hipotireoidismo;

  • Artropatias intermitentes: reumatismo palindrômico, febre familiar do mediterrâneo

Ao contrário do que muitos não reumatologistas pensam, as condições reumatológicas mais frequentes são aquelas que atingem músculos, tendões e ligamentos, de forma crônica, sem indicação cirúrgica e sem melhora com analgésicos ou anti-inflamatórios por curto período (fibromialgias, tendinopatias, fasciítes, síndromes miofasciais). Em sequência, estão as “dores nas costas” (lombalgias, cervicalgias e dorsalgias). A doença articular mais comum da reumatologia é a osteoartrite. Relativamente comuns são artropatias microcristalinas, sendo a mais frequente a gota. A doença óssea mais comum acompanhada na reumatologia é a osteoporose. As artropatias inflamatórias mais frequentes são artrite reumatoide e as espondiloartopatias (espondilite anquilosante, artrite psoriásica etc.).


As doenças reumatológicas acometem todas as faixas etárias, da infância à velhice. Estudos independentes têm mostrado que 30%-40% da população, em algum momento da vida, apresentam sinais e sintomas musculoesqueléticos e alterações que sugerem doenças autoimunes sistêmicas reumatológicas, o que resulta em 25% a 40% de todas as consultas aos médicos clínicos gerais, pediatras e médicos de família.

ATUAÇÃO

Um reumatologista pode atuar em diversas áreas: realizando ultrassonografias e procedimentos invasivos ou em laboratórios, estudando técnicas de determinação de genes, anticorpos etc. Também existe a possibilidade de trabalhar na indústria farmacêutica, em pesquisas clínicas ou na criação de novas drogas. Alguns reumatologistas também atuam em centros de infusão, onde são aplicados alguns imunobiológicos de administração endovenosa. É uma especialidade iminentemente ambulatorial, ou seja, a maior parte das atividades é feita em consultório ou ambulatório.


Como as doenças reumatológicas geralmente têm acometimento sistêmico, principalmente as autoimunes, o especialista tem interface com várias outras especialidades como Oftalmologia, Dermatologia, Otorrinolaringologia, Nefrologia e Pneumologia. A ação correta do reumatologista é coordenar uma equipe multiprofissional para a otimização do cuidado do paciente reumático.


MERCADO E RESIDÊNCIA

No Brasil, há 2.383 reumatologistas titulados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Desses, 54,8% atuam na região sudeste, 16% no sul, 15,4% no nordeste, 9,7% no centro-oeste e 4% no norte do país. A residência médica em reumatologia tem duração de dois anos e pré-requisito de outros dois anos de residência em clínica médica. A carga horária de 60h semanais é dividida da seguinte forma: 50% em atividades ambulatoriais e 50% em unidades de internação e interconsulta, medicina física e reabilitação, estágios complementares em ortopedia, reumatologia pediátrica e laboratório.


A reumatologia é uma área em crescimento. A evolução tecnológica e os novos conhecimentos permitiram o desenvolvimento de novas terapêuticas e modificou a morbimortalidade das doenças reumatológicas. Entretanto, ainda há muitos questionamentos sobre essas doenças, o que abre um amplo campo para estudos.


MITOS SOBRE O REUMATISMO

  • “Reumatismo é doença de idoso”? Em primeiro lugar, o termo “reumatismo” é um termo popular consagrado para se referir a alguma das muitas doenças que podem ter manifestações no sistema músculo esquelético. Além disso, estas doenças podem ocorrer em qualquer faixa etária.

  • “Reumatismo ataca no frio”? O ambiente mais frio apenas aumenta a sensibilidade e a percepção dolorosa levando o paciente a acreditar que a doença “atacou” por causa do frio.

  • “Dor nas articulações significa reumatismo”? Dor articular é uma manifestação clínica como outra qualquer. Pode estar presente em diversas patologias sem qualquer relação com “reumatismo”.

Referências.

  1. Sociedade Brasileira de Reumatologia. Disponível em: https://www.reumatologia.org.br/ DA

  2. SILVA, Henrique Carriço. O que os médicos precisam saber sobre reumatologia?. Diagn. tratamento, p. [126- 132], 2019. ALBUQUERQUE, Cleandro Pires; SANTOS‐NETO, Leopoldo

  3. Luiz. Evolução da formação de reumatologistas no Brasil: a opção pela residência médica. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 57, n. 6, p. 507-513, 2017.


Letícia O. Santos


Acadêmica do 5º período de Medicina da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais.

 
 
 

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