COVID-19: Testes rápidos
- SAIBA+
- 25 de nov. de 2020
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Existem, atualmente, duas estratégias principais para o diagnóstico do SARS-CoV-2: a detecção do RNA viral ou a detecção de anticorpos produzidos diante de uma infecção. A detecção do RNA viral costuma ser feito por meio da técnica de transcrição reversa seguida de reação em cadeia da polimerase (RT-PCR) ou por técnicas de hibridização de ácidos nucleicos, enquanto a detecção dos anticorpos é feita por ensaios imunológicos ou sorológicos.
A existência do RNA viral identifica uma infecção ativa, o vírus ativo, enquanto os ensaios sorológicos identificam as pessoas que já desenvolveram anticorpos contra a infecção – seja ela prévia ou ativa.
OS TESTES RÁPIDOS
Os testes rápidos, também denominados de testes laboratoriais remotos, pesquisam anticorpos em sangue total, soro ou plasma, através de métodos manuais em dispositivos individuais, que fornecem os resultados em 10 a 30 minutos. Eles são capazes de detectar tanto IgM quanto IgG em amostras de sangue, e se baseiam na reação antígeno-anticorpo, utilizando a técnica de imunoensaio, sendo, portanto, testes qualitativos.
O cassete de plástico (dispositivo de teste) contém a proteína recombinante SARS-CoV-2 marcada com ouro coloidal – o reagente –, anticorpo IgG humano anti-camundongo na área de teste G – correspondente ao IgG –, anticorpo IgM humano anti-camundongo na área de teste M – correspondente ao IgM –, e o anticorpo correspondente na área de controle de qualidade, a área C.
Quando o nível de anticorpos SARS-CoV-2 IgM do sangue do paciente está igual ou acima do limite de detecção do teste, o anticorpo presente no sangue se liga à proteína recombinante SARS-CoV-2 marcada com ouro coloidal. Esse conjugado migra para cima, no dispositivo de teste, através do efeito capilar, e são capturados pelo anticorpo IgM humano anti-camundongo que já estava presente, produzindo uma banda vermelha na região de teste M.
O mesmo ocorre na região de teste G se o nível de anticorpos SARS-CoV-2 IgG do sangue do paciente estiver igual ou acima do limite de detecção.
Quando o teste é negativo, isto é, a amostra de sangue do paciente não possuía anticorpos, não é evidenciada a faixa vermelha nas áreas de teste.
A área de teste C sempre apresentará uma faixa vermelha. Ela é um critério para avaliar se há amostra de sangue suficiente e se a técnica de cromatografia é normal, além de servir como padrão de controle interno para os reagentes.
Os testes rápidos possuem a vantagem de serem rápidos, práticos e mais baratos.
AVALIAÇÃO DOS TESTES
Segundo o Ministério da Saúde, os testes rápidos registrados possuem cerca de 85% de sensibilidade mínima e 94% de especificidade mínima. Entretanto, essas porcentagens podem variar conforme o período da infecção em que o teste foi realizado.
Os testes rápidos têm maiores chances de produzirem falsos negativos devido à baixa produção de anticorpos ou à variação da resposta imune em diferentes pessoas. É importante levar em conta uma possível variabilidade de janela imunológica entre diferentes pacientes, visto que a anticorpogênese varia de forma individual. A maioria dos estudos sobre infecções por coronavírus mostram que, por volta do 7º e 8º dias, os anticorpos já estão presentes – evidenciando que alguns pacientes podem levar mais ou menos tempo para produzi-los.
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais indica que os testes rápidos só devem ser utilizados 8 dias após o início dos sintomas.
DIFERENÇA ENTRE OS TESTES RÁPIDOS
As diferenças de qualidade que existem entre os testes rápidos se devem aos aspectos técnicos, como diferenças nos processos de purificação dos antígenos virais do coronavírus, sem a perda do seu formato tridimensional para o reconhecimento dos anticorpos, o grau ideal de sensibilização de superfícies, qualidade dos reativos, estocagem, transporte, entre outros fatores.
Referências.
1. BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias e Inovação em Saúde. Acurácia dos testes diagnósticos registrados na ANVISA para a COVID-19. Brasília, 2020.
2. CORONAVÍRUS: SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS. Afinal, como funciona o teste rápido para COVID-19? Disponível em: http://coronavirus.saude.mg.gov.br/blog/68-teste-rapido-covid-19. Acesso em: 19 out. 2020.
3. SHEIKHZADEH, E. et al. Diagnostic techniques for COVID-19 and new developments. Talanta, v. 220, dez. 2020. https://doi.org/10.1016/j.talanta.2020.121392
4. VIEIRA, LMF; EMERY, Eduardo; ANDRIOLO, Adagmar. COVID-19 - Diagnóstico Laboratorial para Clínicos. 2020. Acesso em: 10 out. 2020.

Bárbara Camargo da Rocha Pereira.
Acadêmica do 8º período de Medicina do Centro Universitário de Belo Horizonte.
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