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Lúpus eritematoso sistêmico (LES)

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    SAIBA+
  • 15 de jun. de 2020
  • 4 min de leitura

INTRODUÇÃO

O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma das doenças reumatológicas mais conhecidas. Pertencente ao grupo das colagenoses é uma doença inflamatória crônica autoimune multissistemica podendo afetar vários órgãos e tecidos, mas acomete, principalmente, a pele, as articulações e os rins.

A incidência é maior no sexo feminino, e seu diagnóstico é mais comum entre os 15 e 40 anos de idade, na menacme. Devido à sua grande relevância epidemiológica é essencial que o médico conheça a doença e saiba identificar seus sintomas.


PATOGÊNESE

As causas da doença ainda não são bem conhecidas, mas admite-se hoje uma soma de fatores genéticos (como alterações dos mecanismos de autorregulação do sistema imune) e ambientais (Exposição a luz ultravioleta, tabagismo, estrogênio e estresse)

O desenvolvimento da doença se dá pela desregulação do sistema imune que leva a produção de anticorpos reativos, ou seja, que atacam antígenos do próprio corpo e formam complexos imunes. Quando esses complexos são formados, eles se acumulam no organismo e se depositam, principalmente, nos glomérulos renais, articulações e pele, causando um processo inflamatório e posterior lesão local. Esse acumulo ocorre no LES devido a uma deficiência no sistema do complemento que não remove os imunocomplexos e também mantem a disponibilidade de autoantígenos.


SINTOMATOLOGIA

Os sintomas do lúpus podem ser moderados ou graves, temporários ou permanentes, sendo a maioria dos pacientes portadores de uma sintomatologia moderada e esporádica.

Devido a doença poder atingir diferentes tecidos, a apresentação clinica é muito variável sendo o LES um diagnóstico diferencial em diversos quadros clínicos. Frequentemente se apresenta com sintomas constitucionais como fadiga, febre, emagrecimento, hiporexia - perda de apetite e astenia.

Nas particularidades de cada tecido e órgão afetado podemos ter sintomas mais específicos dentro dos quais podemos citar:

  • Osteomuscular: artralgia, mialgia, artrite e osteonecrose

  • Tegumentar:fotossensibilidade, eritema malar alopecia e diferentes lesões cutâneas.

  • Renal: proteinúria, nefrite lupica (glomerulonefrite)

  • Pulmonar: pleurite, derrame pleural, hipertensão pulmonar

  • Cardiovascular: pericardite, miocardite, vasculite

  • Neurológico: cefaleia, convulsões

  • Psiquiátrico: depressão, alteração de comportamento

  • Hematológico: anemia, leucopenia, linfopenia

  • Gastrointestinal: ulceras orais, diarreia, vômitos, náuseas, perda/diminuição de apetite, alteração das enzimas hepáticas


DIAGNÓSTICO

O diagnóstico do LES é complexo devido à variedade de sintomas possíveis que o paciente pode ou não apresentar. Dessa forma, existe uma vasta gama de diagnósticos diferenciais, principalmente nas fases iniciais da doença.

Por esse motivo, para o diagnóstico de LES foram criados critérios específicos pelo American College of Rheumatology 2019 que considera critérios clínicos e imunológicos. Para iniciar a avaliação é necessária a realização do teste de fator antinuclear (FAN). Se o resultado for um título maior que 1:80, os critérios aditivos são avaliados para definir o diagnóstico que será positivo se as respostas somarem, no mínimo, 10 pontos – Veja https://ard.bmj.com/content/78/9/1151 e saiba mais sobre sobre o score.


TRATAMENTO

Devido a vasta sintomatologia, o tratamento medicamentoso é individualizado, variando de acordo com os órgãos/sistemas acometidos e a gravidade desses acometimentos.

As medidas não farmacologias são diversas e indicadas inicialmente para todos os pacientes. Dentre as mais importantes temos a prática regular de atividade física, dieta balanceada, proteção contra a luz solar e raios UV, a eliminação do uso de tabaco, o apoio psicológico e o controle de fatores de risco cardiovasculares. Essas medidas buscam não somente controlar a doença, mas sim melhorar a saúde geral do paciente.

Porém, independentemente desses fatores, as medidas farmacológicas são essenciais no controle da doença. O uso continuo de antimaláricos, preferencialmente o sulfato de hidroxicloroquina, é indicado para reduzir a atividade da doença e reduzir as chances de um novo surto de LES. Por esse motivo, seu uso é indicado tanto em pacientes com doença em fase ativa quando em remissão dos sintomas. Seu mecanismo ainda não é totalmente conhecido, mas envolveria a imunomodulação.

Os corticosteroides são utilizados para atingir um estado de imunossupressão devido à sua forte ação anti inflamatória. Devem ser utilizados com a menor dose possível para efetividade visando diminuir seus efeitos colaterais. Quando indicada sua suspensão, esta deve ser feita de forma gradativa e com acompanhamento pelo médico assistente.

Por fim, os AINES são largamente utilizados em períodos de surto para controle das artrites e artralgias, mas seu uso deve ser evitado e constantemente reavaliado devido aos riscos renais e cardiovasculares.


Referências.

1. ARINGER, Martin. 2019 European League Against Rheumatism/American College of Rheumatology Classification Criteria for Systemic Lupus Erythematosus. Arthritis & Rheumatology, Arthritis & Rheumatology, ano 2019, v. 71, n. 9, p. 1400-1412, set 2019.

2. FERREIRA, Ana Claudia Goulart et al. Doenças associadas à deficiência do sistema complemento. Arquivos de Ciências da Saúde, [S.l.], v. 26, n. 1, p. 62-66, ago. 2019. ISSN 2318-3691. Disponível em: <http://www.cienciasdasaude.famerp.br/index.php/racs/article/view/1397>. Acesso em: 13 maio 2020. doi: https://doi.org/10.17696/2318-3691.26.1.2019.1397.

3. BORBA, Eduardo Ferreira et al. Consenso de Lúpus Eritematoso Sistêmico. Revista Brasileira de Reumatologia, [s. l.], v. 48, n. 4, p. 196-207, jul/ago 2008.

4. FONSECA, Samuel Barbosa. LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO: CAUSAS, MECANISMOS PATOLÓGICOS E ALVOS TERAPÊUTICOS FUTUROS. 2009. 14 f. Monografia (Especialização) - Curso de Ciencias Biologicas, Icbas-up, Universidade do Porto, Porto, 2009.

5. Novos critérios classificatórios do Lúpus Eritematoso Sistêmico (ACR/EULAR 2019). MedPhone, 3 set. 2019. Disponível em: https://blog.medphone.com.br/novos-criterios-classificatorios-do-lupus-eritematoso-sistemico-acr-eular-2019/. Acesso em: 13 maio 2020.


  1. Juliana Hosken Perez

  2. Acadêmica do 3º período de Medicina da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais.

 
 
 

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