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Tipos de vacina disponíveis atualmente

  • Foto do escritor: simposiosaiba
    simposiosaiba
  • 30 de set. de 2021
  • 5 min de leitura

Atualizado: 8 de mar. de 2022

As vacinas constituem uma forma de imunidade ativa altamente eficaz para a prevenção de doenças acarretadas por diversos agentes etiológicos. A primeira vacina do mundo foi desenvolvida no final do século XVIII, por meio dos experimentos e das observações do médico Edward Jenner. Na Inglaterra, ele observou que as vacas portadoras de varíola tinham feridas semelhantes às humanas e, além disso, constatou que indivíduos que ordenhavam as vacas e que, portanto, tinham contato com estas, não desenvolviam formas graves da doença. Por esta razão, Jenner realizou a raspagem de pústulas apresentadas pelas vacas e inoculou o material coletado em crianças, averiguando que estas também não desenvolviam a varíola de forma severa. Em diversos estudos nas décadas seguintes, foi descoberto que o principal mecanismo das vacinas se baseia no estímulo ao desenvolvimento da resposta imune dos indivíduos vacinados, que acarreta, por conseguinte, a produção de células de memória contra os patógenos.



A maioria das vacinas atua por meio da indução da resposta humoral, gerando a produção de plasmócitos de vida longa que, por sua vez, atuam neutralizando e eliminando os micro-organismos antes que eles se estabeleçam e deflagrem a patologia. Nesse sentido, vale ressaltar que as vacinas não levam à doença (diferentemente da imunização ativa natural). Todavia, as vacinas, de forma geral, podem ocasionar pequenos efeitos adversos, tais como: febre (que indica uma reação à ativação do sistema imune) por dois ou três dias, mialgia, rubor no local da aplicação, fadiga e indisposição.

As vacinas desenvolvidas são consideradas efetivas quando apresentam as seguintes características: segurança na aplicação, fornecimento de proteção prolongada, indução à produção de anticorpos neutralizantes e de células T, baixo custo por dose, estabilidade biológica, fácil administração e poucos efeitos colaterais. Atualmente, existem quatro principais tipos de vacina disponibilizados de forma mais abrangente às populações, que são: vacinas produzidas com vetor vivo atenuado; vacinas produzidas com vetor morto ou inativado; vacinas produzidas com subunidades e vacinas produzidas com toxinas inativadas. Ademais, também existem formas de vacina com potencial aplicabilidade no futuro, mas que, no momento, ainda estão em estágio de desenvolvimento e apresentam custos muito altos para serem disponibilizadas de forma universal. Dentre estas, destacam-se: vacinas de DNA e vacinas de células dendríticas. Cada tipo de vacina apresenta peculiaridades em suas formas de produção, de administração e em seus efeitos colaterais.


VACINAS DE VETORES VIVOS ATENUADOS

As vacinas de vetores vivos atenuados são aquelas nas quais os agentes etiológicos inoculados encontram-se vivos, todavia, incapazes de acarretar as doenças. O processo de produção destas envolve o cultivo do vírus em células de animais (como um macaco, por exemplo). Este cultivo leva as linhagens virais a sofrerem mutações a fim de infectar as células do animal hospedeiro. Dessa forma, para a produção da vacina, as cepas selecionadas como candidatas vacinais são aquelas ainda capazes de infectar as células humanas, mas incapazes de se multiplicar. Portanto, os vírus atenuados são capazes de gerar resposta imune nos indivíduos, mas são incapazes de ocasionar a patologia de forma severa. Outra possível forma de atenuação de agentes virais para a produção de vacinas é a alteração direta do material genético dos vírus, deletando regiões gênicas relacionadas à virulência destes agentes, que ainda devem ser viáveis e capazes de induzir resposta imune

Alguns exemplos de imunizantes produzidos com vetores vivos atenuados são aqueles que atuam contra: febre amarela, poliomielite (VOP- vacina atenuada oral), rubéola, sarampo e varicela. Estas vacinas são contraindicadas para pacientes imunossuprimidos e para gestantes, haja vista que, nestes casos, há maior chance de reversão do vetor viral à forma selvagem e, portanto, maior chance de produção da doença, tendo em vista a atuação menos efetiva do sistema imune destes grupos de pessoas.



VACINAS DE VETORES VIRAIS MORTOS/INATIVOS

Nesse grupo de vacinas, os vírus são inativados por fatores físicos ou químicos, tais como temperatura (aquecimento ou congelamento), variação de pH e radiação. Alguns dos principais exemplos deste tipo de imunizante são os que atuam contra: Influenza; poliomielite (VIP-injetável), hepatite A e raiva.

As vacinas de vetores mortos são, usualmente, produzidas com o emprego de adjuvantes, isto é, substâncias (tais como hidróxido de alumínio e Squalene) que potencializam a ativação do sistema imune dos indivíduos. Estes são necessários, haja vista que os microorganismos inativos são incapazes de provocar sintomas da doença e, por isso, têm menor capacidade de estimular a resposta imune das pessoas que recebem a vacina. As vacinas de vírus inativos são também incapazes de acarretar infecção em indivíduos imunodeprimidos e em gestantes.

Vale ressaltar que uma das principais representantes deste grupo, a vacina da gripe, é aplicada anualmente, com prioridade para idosos e crianças. Estas são produzidas conforme estudos epidemiológicos que visam determinar as cepas virais com maior probabilidade de circulação no ano em questão.


VACINAS DE ANTÍGENOS PURIFICADOS (SUBUNIDADES)

Estas vacinas são produzidas por meio da purificação de fragmentos dos patógenos a partir de micro-organismos ou toxinas inativadas. Nesse tipo de vacina, há a utilização de polissacarídeos como fragmentos. Todavia, estes são incapazes de induzir no organismo dos indivíduos plasmócitos de vida longa e células de memória. Por este motivo, tais fragmentos são administrados associados a adjuvantes proteicos a fim de possibilitar a produção destes elementos imunológicos. Alguns exemplares deste tipo de vacina são: vacina contra pneumococos, contra HPV e Meningocócica C.



VACINAS DE TOXINAS INATIVADAS

São vacinas produzidas por meio da inativação de toxinas produzidas pelos agentes etiológicos de determinadas patologias. A inativação destas pode ser feita, também, por meio de variações acentuadas de temperatura ou de pH. São exemplos de vacinas produzidas desta forma: contra difteria e contra tétano.


VACINAS EM POTENCIAIS

Existem outras formas de vacina que apresentam grande potencial para a realização da imunização ativa. Todavia, estas ainda estão em fase de estudo e ainda apresentam preço muito elevado no mercado, o que impossibilita o acesso geral da população. Dentre elas, destacam-se:

· Vacina de DNA: baseia-se no uso de sequências do material genético dos agentes etiológicos que codificam antígenos imunodominantes. O material seria recebido pelo indivíduo vacinado dentro de plasmídeos. É uma técnica muito promissora, porém ainda muito indisponível de forma geral.

· Vacina com células dendríticas: baseia-se na retirada de monócitos dos pacientes e na diferenciação destes em células dentríditicas por meio da utilização de GM-CSF (fator estimulador de colônias de granulócitos e macrófagos) e Interleucina-14. Estas células dendríticas têm antígenos tumorais inseridos nelas e, em seguida, são inoculadas no mesmo paciente do qual foram retirados os monócitos para que ocorra a replicação.


CONCLUSÃO

As vacinas configuram-se, atualmente, como a estratégia de intervenção de melhor custo-benefício no âmbito da saúde pública brasileira e mundial. Todavia, ainda há algumas doenças para as quais não existem vacinas efetivas, tais como: esquistossomose, HIV, tuberculose, malária e sarampo. Nesse sentido, ainda existem desafios a serem superados com o intuito de otimizar ainda mais a produção e a disponibilização de vacinas eficazes. As novas técnicas sendo desenvolvidas visam, em médio prazo, corroborar com o melhor funcionamento dos sistemas de saúde de forma integrada, barata e eficiente. Ademais, o cenário pandêmico atualmente vivenciado no contexto global ressalta a importância da vacina e da conscientização da população acerca de sua importância e de seus efeitos benéficos. A compreensão acerca desta relevância só é possível a partir da difusão do conhecimento entre a população.



REFERÊNCIAS

  1. BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Vacinas Virais. 1 ed. Rio de Janeiro. 7 de agosto de 2021. Disponível em: < https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/perguntas-frequentes/perguntas-frequentes-vacinas-menu-topo/131-plataformas/1574-vacinas-virais>. Acesso em: 29 de setembro de 2021.

  2. MAGALHÃES, Franklin Barbalho; SANTOS, Wagner José Tenório; SILVA, Camila Larisse. Biotecnologia aplicada às vacinas de DNA: Técnica e Avanços. Caruaru-PE. 1 ed. Disponível em: < https://asces-unita.edu.br/wp-content/uploads/2021/02/BIOTECNOLOGIA.pdf>. Acesso em: 28 de setembro de 2021.

  3. INSTITUTO BUTANTAN. Imunização, uma descoberta da ciência que vem salvando vidas desde o século XVIII. 1 ed. 10 de junho de 2021. Disponível em: <https://butantan.gov.br/noticias/imunizacao-uma-descoberta-da-ciencia-que-vem-salvando-vidas-desde-o-seculo-xviii> . Acesso em: 29 de setembro de 2021



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