O Papel dos Neutrófilos na Fisiopatologia da COVID-19
- simposiosaiba
- 19 de ago. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 8 de mar. de 2022
INTRODUÇÃO:
Com a atual pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2, responsável pela Covid-19, uma ampla investigação a respeito à fisiopatologia da doença foi iniciada, na qual pesquisas demonstraram a participação dos neutrófilos no curso da doença(1). Os neutrófilos são leucócitos (células de defesa do sangue) polimorfonucleares, ou seja, possuem núcleos com múltiplos lóbulos, mais abundantes na circulação e responsáveis pela primeira linha de defesa conta agentes infecciosos do organismo, possuindo capacidade fagocitária e pró-inflamatória eficaz(3).

DISCUSSÃO:
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) estudou os neutrófilos na resposta ao Covid-19. Foi evidente a capacidade do novo vírus de induzir as armadilhas extracelulares neutrofílicas, chamadas de NETs, que são estruturas capazes de aprisionar e destruir microorganismos invasores, em um processo chamado de netose. Entretanto, em excesso, a netose pode causar danos para o organismo, dessa maneira a quantidade de neutrófilos no sangue do paciente positivo para Covid-19 poderia ser marcador da gravidade da doença e até do risco de morte(5), já que o aumento do número de neutrófilos, juntamente com um menor número de linfócitos, foi observado, mais frequentemente, em pacientes com evolução grave do que naqueles com doença branda(2,4).
Uma das consequências que a netose pode trazer é o aumento dos níveis de oxigênio intracelular (ROS), que modula a cascata enzimática dos sistemas de fibrinólise de coagulação e do sistema de complemento, e a formação excessiva de coágulos, o que resulta em trombose. As formas graves da Covid-19, em grande parte das vezes, estavam associadas a disfunção de coagulação, principalmente de dímero-D, redução de plaquetas, aumento do tempo de protrombina e degradação de fibrina, o que sugere hiperatividade do sistema de coagulação e falência de órgãos, e esses fatores estudados sugeriam relação potencial com a formação dos NETs. Além disso, em outra abordagem, foi indicado que a netose reduz parcialmente a capacidade fagocitica dos neutrófilos, prejudicando ainda mais a resposta imune da célula contra o vírus. Tudo isso sugere um papel critico dos neutrófilos na patologia da infecção pelo Coronavírus(1).
CONCLUSÃO:
Por se tratar de uma doença de aparecimento repentino e de curso e evolução relativamente diverso a depender de cada organismo, a fisiopatologia da Covid-19 ainda não está totalmente esclarecida. Entretanto, diversos estudos e pesquisas sugerem a participação dos neutrófilos no desenvolver da doença.
REFERÊNCIAS:
1. Arcanjo Angélica, Logullo Jorgete, Menezes , Camilla Cristie Barreto, et al. The emerging role of neutrophil extracellular traps in severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (COVID‑19). Scientifc Reports. 2020;10(1).
2. Fleury Marcos Kneip. A COVID-19 e o laboratório de hematologia: uma revisão da literatura recente. RBAC. 2020 Aug 04;52(2):131-137.
3. Histologia básica I L.C.Junqueira e José Carneiro. - [12 . ed]. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
4. Liu Y, et al. Neutrophil-to-lymphocyte ratio as an independent risk factor for mortality in hospitalized patients with COVID-19. Journal of Infection. 2020.
5. Menezes Maíra. Estudo da Fiocruz reforça papel dos neutrófilos na Covid-19 [Internet]. Rio de Janeiro/RJ; 2020 Dec 28 [cited 2021 Aug 9]. Available from: https://www.canalsaude.fiocruz.br/noticias/noticiaAberta/estudo-da-fiocruz-reforca-papel-dos-neutrofilos-na-covid-1928122020.

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