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O movimento antivacina: a volta de doenças erradicadas e o desafio no combate à pandemia do Covid-19

  • Foto do escritor: simposiosaiba
    simposiosaiba
  • 2 de set. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 8 de mar. de 2022

A vacinação representa uma das principais estratégias de saúde pública na prevenção de doenças infecciosas e, graças a ela, a erradicação da varíola e o controle de diversas doenças foi realizado a nível mundial. Entretanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) adicionou a hesitação vacinal – ou seja, o atraso ou a recusa de vacinação apesar da disponibilidade das vacinas – na lista das dez ameaças a saúde pública para o ano de 2019, tendo em vista o crescimento do movimento antivacina e a queda da cobertura vacinal em alguns países, principalmente na Europa e na América do Norte. Essa informação é alarmante, já que as vacinas são responsáveis por prevenir cerca de 2 a 3 milhões de mortes por ano, número que pode ser ainda maior se houver aumento na taxa de vacinação, segundo a OMS.


Em 2018, a vacinação infantil no Brasil apresentou o índice mais baixo nos últimos 16 anos, segundo dados do Ministério da Saúde (MS). A meta da cobertura vacinal estabelecida é de 95% do público-alvo, mas a maioria das vacinas ofertadas pelo Plano Nacional de Imunizações (PNI) apresentaram índices entre 70,7% e 83,9%, o que é preocupante para a saúde pública do país. As autoridades brasileiras apontam diversos motivos para a queda da vacinação no país, e dentre eles, é preciso destacar o movimento antivacina, que ganhou força nos últimos anos com auxílio das fake news, que circulam diariamente nos telefones da população. No mesmo ano, o país registrou números crescentes de casos de sarampo, com mais de 10 mil pessoas infectadas, o que levou, em 2019, à perda do certificado de erradicação da doença concedido pela Organização Pan Americana de Saúde (OPAS/OMS) em 2016. Segundo dados da OMS, o número de mortes por sarampo cresceu 50% entre 2016 e 2019 em todo o mundo, tendo sido registrado o maior número de casos desde 1996.


Atualmente, a hesitação vacinal é uma preocupação presente no dia a dia das autoridades sanitárias por todo o mundo, visto que a vacinação é a principal estratégia para o combate à pandemia da COVID-19. A recusa da vacina e a dificuldade no aumento da cobertura vacinal não apresentam risco apenas para os indivíduos não vacinados sem motivos, mas para aqueles que não receberam as vacinas por razões médicas e para aqueles que foram vacinados, uma vez que a eficácia das vacinas é menor que 100%. Além disso, a baixa cobertura vacinal permite a maior circulação do vírus, o que pode favorecer o surgimento de mutações e, consequentemente, novas variantes que apresentam capacidade de escape vacinal. Dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) revelam que, em alguns estados do país, mais de 20% da população se recusa a ser vacinada, o que tem sido um problema para contenção do vírus no país, que viu o número de mortes crescer significativamente no último mês. Segundo autoridades sanitárias, os Estados Unidos estão vivendo a pandemia dos não-vacinados, e a cada dia ocorrem hospitalizações e mortes que poderiam ter sido prevenidas por meio da vacinação. O país adotou diversas medidas para incentivar a população, entre elas o pagamento de U$100 para aqueles que forem tomar a vacina. No Brasil, os governos dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro criaram o “passaporte da vacina”, documento que comprova o recebimento de pelo menos uma dose e que passará a ser exigido em shows, feiras, jogos e congressos, buscando estimular indivíduos que ainda não se vacinaram.


Os motivos que levam a recusa da vacina são diversos. Primeiramente, é preciso ressaltar a desconfiança na indústria farmacêutica e teorias de conspiração criadas pelo movimento antivacina, razões que estão, majoritariamente, ligadas a agendas políticas, fanatismo e causa anti-científicas, enquanto uma mazela da população menos radical que acompanha o movimento diz se sentir insegura, principalmente, devido aos relatos de efeitos adversos, tempo de desenvolvimento dos imunizantes e consequências a longo prazo. Especialmente para esse último público, é preciso ressaltar o importante papel de associações entre a mídia e autoridades sanitárias tanto a nível mundial, como a OMS, quanto a nível nacional, como o MS, para o combate a fake news e para divulgação de dados científicos que demonstrem a importância do esquema vacinal individualmente e para a saúde publica.

Fonte: https://site.cfp.org.br/as-vacinas-comecaram-a-chegar-mas-os-cuidados-devem-continuar/


REFERÊNCIAS:

  1. CRUZ, ADRIANE. A queda da imunização no Brasil. Revista CONSENSUS, v. 7, n. 3, p. 20-9, 2017.

  2. DIMALA, Christian Akem et al. Factors associated with measles resurgence in the United States in the post-elimination era. Scientific Reports, v. 11, n. 1, p. 1-10, 2021.

  3. KARPMAN, Michael; ZUCKERMAN, Stephen. Few Unvaccinated Adults Have Talked to Their Doctors about the COVID-19 Vaccines. Washington, DC: Urban Institute, 2021.

  4. MACHINGAIDZE, Shingai; WIYSONGE, Charles Shey. Understanding COVID-19 vaccine hesitancy. Nature Medicine, p. 1-2, 2021.

  5. MCCLURE, Catherine C.; CATALDI, Jessica R.; O’LEARY, Sean T. Vaccine hesitancy: where we are and where we are going. Clinical therapeutics, v. 39, n. 8, p. 1550-1562, 2017.



1 Comment


aliceecamposn
Sep 03, 2021

Muito bacana! Gostei muito da abordagem!!

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