Linfócitos: as células T de memória na resposta imune ao Sars-CoV-2
- simposiosaiba
- 6 de ago. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 8 de mar. de 2022
LINFÓCITOS T NAIVE ÀS CÉLULAS T DE MEMÓRIA

Os linfócitos, células importantes do sistema imune, são as únicas células do corpo que possuem a capacidade de expressar receptores antigênicos clonalmente distribuídos, e específicos para cada tipo de antígeno, isto é, cada clone de linfócito expressa receptores diferentes de outros clones. Existem classes distintas de linfócitos, com diversas funções, as principais classes são as dos linfócitos B, células produtoras de anticorpos e a classe dos linfócitos T, mediadores da imunidade celular, que surgem a partir de células precursoras na medula óssea e migram para amadurecer no timo.
Na classe dos linfócitos T, existem subpopulações distintas de células, sendo as principais os linfócitos T auxiliares CD4+ e os CTLs CD8+, que expressam receptores antigênicos denominados receptores de células T (TCRs), atuando como mediadores da imunidade celular. Estas duas subpopulações possuem diferentes ações, sendo as células T auxiliares CD4+ responsáveis pela secreção de citocinas que estimulam outras células, como outros linfócitos T, linfócitos B, macrófagos, dentre outras, e os CTLs CD8 responsáveis por reconhecer e matar células infectadas por microrganismos, além de eliminar células cancerígenas. Somado a isso, existem outros tipos de células T numericamente menos presentes, sendo elas os linfócitos T reguladores CD4+, responsáveis pela modulação da resposta imune, as células natural killer, células T invariantes associada a mucosa e as células T γδ.
Os linfócitos T passam por estágios de maturação complexos em órgão linfóide primário, o timo, em que expressam receptores antigênicos e adquirem características de células maduras. Os linfócitos que nunca encontraram um antígeno estranho são chamados de naive, essas células migram para órgãos linfóides secundários, onde são ativados por antígenos para se proliferarem e diferenciarem em células efetoras e de memória. Para isso, é necessário que os linfócitos naive sigam etapas sequenciais como síntese de novas proteínas e pelo processo de expansão clonal.
Os linfócitos de memória são gerados durante as infecções, mas podem permanecer no organismo durante meses ou anos após a eliminação do microorganismo. As células T de memória expressam moléculas de superfície que induzem sua migração para os locais de infecção. Além disso, é possível afirmar que a frequência de células de memória aumentam com a idade, visto que os indivíduos são expostos a microorganismos ao longo da vida.
CELULAS T DE MEMÓRIA NA RESPOSTA IMUNE AO SARS-CoV-2
Com o início da pandemia da COVID-19, muitos estudos imunológicos foram realizados com foco na geração de anticorpos para combate ao patógeno. A partir do avanço das pesquisas, foi constatado que além da imunidade gerada pelos anticorpos, a imunidade produzida pelas células T de memória desempenha um papel importante no combate ao Sars-CoV-2. Sendo assim, a avaliação da imunidade celular tem sido enfatizada em ensaios clínicos com vacinas e na busca por uma efetiva imunização.
De acordo com essas pesquisas, durante a infecção pelo vírus, o sistema imunológico seleciona células T ativadas para se tornarem células de memória e caso a resposta primária evite com sucesso a infecção, o organismo irá, na maioria das vezes, continuar a preservar parte da resposta imune na forma de células de memória. Dessa forma, com a ocorrência de uma segunda infecção por Sars-CoV-2 as células T de memória vão estar prontas para mediar uma resposta aumentada e acelerada, reduzindo a chance do desenvolvimento da forma grave da COVID-19. Outros estudos sugerem que a memória das células T não é apenas importante como fonte de células T efetoras, mas podem também contribuir para resposta das células B e, portanto, para geração de anticorpos contra o vírus.
Em relação às variantes do Sars-CoV-2, um estudo da Universidade de San Diego, nos Estados Unidos, revelou que as células T de memória continuam atuando em novas cepas do vírus, os pesquisadores acreditam que isso ocorra devido a ação relativamente genérica das células T de memória, em comparação com as células produtoras de anticorpos que reconhecem somente proteínas exclusivas dos patógenos.
Por essas razões, parte das vacinas que estão sendo produzidas tem como um dos objetivos o estímulo da criação de memória para as células T, revelando a importância do investimento em novas pesquisas para o rastreamento da estabilidade das células T de memória contra o Sars-CoV-2 na circulação sanguínea e o seu papel no enfrentamento á COVID-19.
REFERÊNCIAS
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