top of page

Covid-19 e a imunidade inata: a relação do desequilíbrio imune com casos graves da doença

  • Foto do escritor: simposiosaiba
    simposiosaiba
  • 7 de jul. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 8 de mar. de 2022

O sistema imunológico inato constitui o primeiro mecanismo de defesa do organismo e possui funções essenciais, como a detecção de microrganismos e defesa de primeira linha às infecções; manutenção da “homeostasia imunológica” através do equilíbrio entre os mecanismos pró-inflamatórios de defesa do hospedeiro e as respostas anti-inflamatórias necessárias para não causar danos; ativação e instrução de respostas imunes adaptativas.


Frente a pandemia da COVID-19, o papel do sistema imune inato ficou ainda mais evidenciado por estar envolvido na patogênese e agravamento da doença. O desequilíbrio do sistema imune tem sido relacionado a quadros mais graves da doença devido à ativação excessiva de neutrófilos, formação aumentada de Neutrophil Extracellular Traps (NET) e tempestade de citocinas.


A IMUNIDADE INATA E A COVID-19

A partir da infecção viral pelo SARS-CoV-2, o sistema imune inato atua como primeira fase para promover a defesa do hospedeiro, sendo que a forma como esse mecanismo de imunidade irá atuar pode determinar a gravidade e prognóstico do quadro. A resposta imune inata é essencial para o controle da infecção e eliminação do vírus, entretanto, para que se obtenha efetividade nesse controle é necessário equilíbrio nessa resposta para que ela não ocorra de forma excessiva e lese os órgãos e tecidos do hospedeiro. Em relação à COVID-19, o desequilíbrio imune parece ter relação com quadros mais graves e ser fator de pior prognóstico em comparação com quadros leves e assintomáticos.


Os neutrófilos têm ação fundamental no combate às infecções bacterianas, entretanto, não tem participação típica no combate aos agentes virais. A ativação exacerbada de neutrófilos tem sido atribuída a pacientes com COVID-19 que desenvolveram quadros graves de pneumonia, uma vez que, nesses pacientes parece ter ocorrido aumento da inflamação pulmonar acompanhada pelo aumento de secreções mucosas mais espessas nas vias aéreas e níveis elevados de citocinas pró-inflamatórias séricas. Nesse contexto, essa resposta vem resultando em danos pulmonares extensos, bem como na formação de microtrombos, sendo a neutrofilia marcador de pior prognostico nos pacientes com COVID-19.


Além dos danos causados pela exacerbação de neutrófilos, acredita-se que o agravamento do quadro pulmonar e outras consequências sistêmicas que levam o paciente infectado pelo SARS-CoV-2 a óbito tenham relação com a morte de neutrófilos e a formação aumentada das NET´s, que contribuem com um aumento da resposta inflamatória e predispõem o paciente a uma evolução desfavorável. As NET´s possuem a função de erradicar os patógenos, entretanto, quando produzidas excessivamente e sem a regulação adequada, como em alguns casos de COVID-19, desencadeiam uma cascata de reações inflamatórias que gera destruição de tecidos, trombose microvascular e danos permanentes aos sistemas respiratório, cardiovascular e renal, predispondo, dessa forma, o surgimento de complicações como sepse, eventos trombóticos e insuficiência respiratória.


A tempestade de citocinas, marcada pelas concentrações elevadas de IL1β, IL2, IL6, IL7, IL8, IL10, IL17, IFN-γ, MCP1, G-CSF e TNF-alfa1, também possui relação com as formas mais graves de COVID-19, uma vez que, esses mediadores inflamatórios possuem a capacidade de induzir a expressão de moléculas que atuam atraindo neutrófilos e monócitos para o tecido pulmonar. Dessa forma, ocorre uma infiltração inflamatória excessiva consequente lesão tecidual. Nesse sentido, a concentração elevada de IFN-γ, por exemplo, provoca extravasamento vascular e edema alveolar por induzir a apoptose de células endoteliais e epiteliais do pulmão, favorecendo, portanto, o quadro de hipóxia.


CONCLUSÃO

A partir das informações acima, pode-se concluir que fatores, como a neutrofilia, a produção exacerbada de NET e a hipercitocinemia provocam um estado inflamatório progressivo e incontrolável, que está diretamente relacionado ao pior prognóstico dos pacientes com COVID-19 e, consequentemente, com quadros mais fatais. Visto isso, estratégias terapêuticas que envolvam a imunomodulação e o controle da atividade neutrofílica podem promover importante redução nos quadros graves e mortalidade dos pacientes infectados pelo SARS-CoV-2.


Entretanto, atualmente ainda não existem tratamentos comprovadamente eficazes ou aprovados para a COVID-19. Sendo assim, o manejo clinico desses pacientes consiste no tratamento sintomático e na oxigenoterapia ou ventilação mecânica, quando os pacientes cursam com insuficiência respiratória. Por esse motivo, é necessário que a população mantenha o uso das máscaras, higiene das mãos e distanciamento social no intuito de evitar a propagação do vírus. Por fim, ressalta-se as vacinas desenvolvidas para a COVID-19 são as únicas maneiras eficazes de não se contaminar.


REFERÊNCIAS

  1. JR JOHNSTON RB. An overview of the innate immune system [Internet]. Up to Date 2021 Mar 05. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/an-overview-ofthe-innate-immunesystem?sectionName=Pattern%20recognition%20receptors%20(PRRs)&search=innate %20immunity%20and%20covid&topicRef=3985&anchor=H4044317&source=see_link #H3829844614. Acesso em: 25 jun 2021.

  2. SILVA DE SORDI, L. H.; MAGALHÃES, I. S. O.; CASSELHAS, D. A.; ANDRADE, M. C. O Papel da Imunidade Inata na COVID-19 . Revista Ciências em Saúde, v. 10, n. 3, p. 5-8, 2 jul. 2020.



Commentaires


Entre em contato conosco

© 2023 por Quebra-cabeças. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page