Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência
- SAIBA+
- 9 de fev. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 29 de mai. de 2020
Em 2019, foi instituída a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, que vai ocorrer na primeira semana de fevereiro e que tem como objetivo desenvolver diversas atividades de caráter preventivo e educativo a fim de contribuir para a redução da gravidez precoce no Brasil.
Essa prevenção é de grande relevância tendo em vista que, segundo o relatório “Aceleração do progresso para a redução da gravidez na adolescência na América Latina e no Caribe” publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2016. O país apresenta a elevada taxa de gravidez de 68,4 nascimentos para cada 1 mil adolescentes, maior que a média mundial.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da gravidez é feito a partir da dosagem de gonadotrofina coriônica humana (hCG) no sangue ou urina. O hCG é um hormônio polipeptídico produzido durante a gestação pela placenta e sua função primária é a de suportar o corpo lúteo no início da gravidez, garantindo, assim, a produção de progesterona pelo ovário nesse período.
O hCG pode ser detectado no sangue durante a gestação e em algumas afecções, como a mola hidatiforme, mas ressalta-se a sua importância na detecção da gravidez, tendo em vista que seus níveis aumentam rapidamente no início da gestação. Esse hormônio é formado pelas subunidades alfa e beta, mas nos testes dosa-se a subunidade beta, conhecida como beta-hCG, tendo em vista que assim, reduz-se a chance de reação cruzada com outros hormônios, já que a subunidade alfa é muito semelhante ao FSH e ao LH.
Existem duas principais formas de dosagem do beta-hCG: a forma qualitativa e a forma quantitativa. A forma qualitativa apenas revela se há ou não beta-hCG em valores relevantes circulando no organismo. Esse é o teste presente nos exames de gravidez vendidos nas farmácias, em que se usa a urina como material. Esses testes possuem um fita que reage à presença do hormônio, por meio da imunocromatografia. Já o beta-hCG quantitativo é a forma usada na maioria dos exames de sangue. Nessa forma de teste quantifica-se a presença do hormônio em mUI/ml de sangue e usa-se valores de referência para confirmar a gravidez. Geralmente, considera-se haver gravidez em curso quando os valores estão acima de 25 mUI/ml e descarta-se essa possibilidade em valores menores de 5 mUI/ml.
PREVENÇÃO
A prevenção da gravidez na adolescência deve ser feita, principalmente, por meio da educação em nível individual, familiar e comunitário, garantindo um participação ativa dos adolescentes. Assim, deve-se divulgar melhor os dados sobre a gravidez na adolescência, informando sobre seus riscos e fatores determinantes. Para isso, os projetos de intervenção devem ser adaptados à realidade e aos desafios de cada região do país. Além disso, é essencial, não apenas divulgar os métodos contraceptivos, mas também ensinar sobre as formas corretas de utilizá-los.
Essas medidas de prevenção da gravidez precoce são imprescindíveis, tendo em vista que a gestação nesse contexto está associada a diversos obstáculos para o desenvolvimento psicossocial materno. Isso se deve ao fato de que, comumente, a mãe precisa abandonar os estudos, o que impacta nas futuras oportunidades de inserção no mercado de trabalho e na vida pública e política. Além disso, a gravidez na adolescência apresenta maiores riscos à saúde, o que impacta em uma preocupante taxa de mortalidade materna na adolescência no Brasil relacionada a problemas de saúde durante a gravidez, o parto e o pós-parto. Ademais, há uma maior chance dessas crianças apresentarem saúde mais frágil e maior vulnerabilidade social.
Referências.
1. Taxa de gravidez adolescente no Brasil está acima da média latino-americana e caribenha Disponível em: https://nacoesunidas.org/taxa-de-gravidez-adolescente-no-brasil-esta-acima-da-media-latino-americana-e-caribenha/
2. Acelerar el progreso hacia la reducción del embarazo en la adolescencia en América Latina y el Caribe. Informe de consulta técnica (29-30 agosto 2016, Washington, D.C., EE. UU.). ISBN: 978-92-75-31976-5
3. MORAIS, S et al Direitos sexuais e reprodutivos na adolescência: interações ONU-Brasil Ciênc. saúde coletiva 20 (8) Ago 2015
Semana de Prevenção da Gravidez na Adolescência. Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/740-semana-nacional-de-prevencao-da-gravidez-na-adolescencia
4. COLE, L. KARDANA A. Discordant results in human chorionic gonadotropin assays. Clin Chem. 1992;38(2):263–270.
5. COLE, L. Immunoassay of human chorionic gonadotropin, its free subunits, and metabolites. Clin Chem. 1997;43(12):2233–2243.

Clarissa Moreira Teatini.
Acadêmica do 4º período de Medicina da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais.
Comments