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Os impactos do alcoolismo no sistema imune

  • Foto do escritor: SAIBA+
    SAIBA+
  • 16 de fev. de 2020
  • 3 min de leitura

O IMPACTO SOCIAL DAS DROGAS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o uso abusivo e a dependência de uso de álcool e de outras drogas, lícitas ou ilícitas, principalmente o cigarro, a maconha, a cocaína, o crack, as anfetaminas e os antidepressivos. Fatores que influenciam a dependência são a predisposição genética, a angústia, a depressão, a insegurança e o fácil acesso à substância. É significante o abuso dessas substâncias na adolescência, já que o uso de drogas e a bebida estão relacionados à socialização nessa faixa etária.

No Brasil, o consumo dessas drogas é uma questão de saúde-pública, impactando toda a sociedade e o sistema de saúde. Estima-se que 10% da população brasileira sofra com o alcoolismo, sendo 7% homens e 3% mulheres. O impacto econômico também é importante; em 2014, apenas os problemas de saúde relacionados ao álcool foram responsáveis por um gasto correspondente a 7,3% do PIB nacional, o equivale a 372 bilhões de reais.


COMO O ALCOOLISMO IMPACTA A IMUNIDADE

As respostas inatas e adaptativas são reduzidas sob efeito do álcool, seja crônico ou em picos agudos. A redução da resposta inata ocorre ao prejudicar a ligação do monócito aos lipopolissacarídeos da membrana de bactérias gram-negativo, pela diminuição da geração de células dendríticas e pela redução da produção de citocinas pró-inflamatórias, como IL-1, IL-6 e IL-12, somada ao aumento da produção de citocinas anti-inflamatórias, como IL-10. Já na resposta adaptativa, o consumo crônico de álcool está associado à redução de linfócitos T CD4+ e CD8+ imaturos e o aumento do número de células T de memória, cujo acúmulo está ligado ao aumento da incidência de doenças inflamatórias crônicas e patologias relacionadas à idade, como osteoporose, sarcopenia, doença de Alzheimer, câncer e doenças cardiovasculares.

Foi observado, também, um aumento dos níveis de IgA e de IgM em indivíduos alcoólatras, o que pode ser devido à adição de proteínas do fígado pelo acetaldeído e à degradação oxidativa dos lipídeos das membranas, que resultam no aumento da imunogenicidade das auto proteínas e no potencial início de respostas autoimunes.


PROBLEMAS DE SAÚDE RELACIONADAS AO ALCOOLISMO

O consumo abusivo de álcool, mais frequente, pode induzir maior probabilidade de pneumonia bacteriana, síndromes de estresse respiratório agudo (SDRA), sepse, doença hepática alcoólica (ALD) e certos tipos de câncer; maior incidência de complicações pós-operatórias; e recuperação mais lenta e menos completa de infecções e traumas físicos, incluindo má cicatrização de feridas.


O CASO DA CERVEJA INTOXICADA

No final de 2019 e início de 2020, 30 pessoas foram internadas em Minas Gerais, até o momento (08), por intoxicação após consumo de cerveja da cervejaria Backer. Dessas, 6 evoluíram para óbito. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), a causa da morte foi a contaminação de lotes da cerveja pela substância dietilenoglicol. Embora seja o primeiro caso de intoxicação pela substância no Brasil, o primeiro caso registrado foi nos Estados Unidos, em 1937, quando 353 pacientes foram afetados e 105 morreram (34 crianças e 71 adultos) após o uso de Sulfanilamida, uma substância antibacteriana.

O dietilenoglicol é uma substância bem absorvida por via oral, amplamente distribuída pelo organismo e de metabolismo predominantemente hepático. O responsável pela toxicidade é o produto metabólico ácido (2-hidroxietoxi)-acético, ou 2-HEAA. Não há uma dose letal bem estabelecida do dietilenoglicol, porém, estudos sugerem que uma dose de 14 mg/kg possa ser fatal.

Não há um mecanismo de toxicidade estabelecido para o dietilenoglicol, mas as sugestões incluem desestabilização da membrana via fosfolipídio ou por alterações nos canais iônicos e o acúmulo intracelular de metabólitos osmoticamente ativos.


Referências.

1. BARR, T. et al. Opposing effects of alcohol on the immune system. Progress in Neuro-Psychopharmacology and Biological Psychiatry, [S.l.], v. 65, n. 4, p. 242-252, fev 2016.

2. BRASIL. Ministério da Saúde. 20/02 - Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/ultimas-noticias/2908-20-02-dia-nacional-de-combate-as-drogas-e-ao-alcoolismo Acesso em: 08 fev 2020.

3. HOSPITAL FELÍCIO ROCHO. Dia Nacional de Enfrentamento ao Alcoolismo. Disponível em: https://www.feliciorocho.org.br/visualizacao-de-noticias/ler/153/dia-nacional-de-enfrentamento-ao-alcoolismo. Acesso em: 08 fev 2020.

4. SCHEP, L. J. et al. Diethylene glycol poisoning. Clinical Toxicology, [S.l.], v. 47, n. 6, p. 525-535, 2009.

5. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO. Problemas causados pelo consumo custam 7,3% do PIB. Disponível em: https://www.unifesp.br/edicoes-anteriores-entreteses/item/2196-problemas-causados-pelo-consumo-custam-7-3-do-pib. Acesso em: 08 fev 2020.

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João Luiz de Pinho Tavares Tristão.

Acadêmico do 5º período de Medicina da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais.

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