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Imunoterapia

  • Foto do escritor: SAIBA+
    SAIBA+
  • 23 de jan. de 2020
  • 3 min de leitura

SOBRE A IMUNOTERAPIA

A imunoterapia é o campo da imunologia que busca identificar tratamentos para doenças através da indução, aprimoramento ou supressão de uma resposta imune. Essa estratégia terapêutica, apesar de haver se desenvolvido em suas aplicações mais comuns apenas nos últimos 30 anos, teve como um de seus pioneiros o médico William Coley, que começou a usar toxinas de bactérias vivas e inativadas (Streptococcus pyogenes e Serratia marcescens) como forma de induzir a resposta imunológica contra tumores, no fim do século XIX. Hoje em dia, entretanto, a imunoterapia é usada em diversos casos e possui diversos tipos, entre eles há inibidores de checkpoints imunológicos, terapia de transferência de linfócitos T e anticorpos monoclonais. Cada tipo de imunoterapia atua em uma modalidade imunológica específica (imunidade humoral ou imunidade celular) de acordo com a resposta necessária.


INIBIDORES DE CHECKPOINTS IMUNOLÓGICOS

Os inibidores de checkpoints imunológicos, por exemplo, agem contra a ativação de proteínas de membrana inibitórias, como o PD-1 e o CTLA-4, através da ligação de fármacos que se acoplam a elas com maior afinidade, impedindo então a regulação da imunidade celular e desencadeando uma reação imune mais intensa. Esse mecanismo também possui relevância no tratamento do câncer, uma vez que diversos tipos de tumores expressam moléculas que inativam células T, como o PDL-1 (ligante de PD-1), de tal forma que os inibidores de checkpoints imunológicos se tornam a melhor alternativa para conter o crescimento tumoral acelerado.


TRANSFERÊNCIA DE LINFÓCITOS T

Já a terapia de transferência de células T, usada principalmente contra o câncer, se divide em dois tipos principais: a TIL (do inglês – tumor-infiltrating lymphocytes) e a terapia CAR T-cell. O primeiro método usa da seleção dos melhores LT que infiltraram no tumor, e da posterior multiplicação dos mesmos in vitro (usando citocinas como a IL-2); já o segundo método parte do mesmo princípio do primeiro, porém, usa da edição genética dos TCRs, de modo que são formados os CAR (receptores antigênicos quiméricos) com a maior afinidade ao antígeno. Apesar do grande potencial terapêutico dessa abordagem, a CAR T-cell pode ser responsável pela síndrome da liberação de citocinas, na qual os linfócitos recém introduzidos liberam grandes quantidades de citocinas na corrente sanguínea do receptor, de modo que sintomas como febre (IL-1, IL-6 e TNF), náusea e prurido.


ANTICORPOS MONOCLONAIS

Outro mecanismo utilizado é o dos anticorpos monoclonais, que fazem as vias de anticorpos convencionais, ou seja, se acoplam a epítopos (sítios de ligação específicos) no antígeno. Esses anticorpos são produzidos através da fusão linfócitos B produtores do anticorpo específico com células de mieloma, gerando o hibridoma, de modo que a proliferação de linfócitos B aumenta, aumentando, portanto, a sua produção de anticorpos. Um exemplo recente da aplicação desses anticorpos é um novo tratamento para a exoftalmia através do fármaco teprotumumab, um anticorpo monoclonal que bloqueia os receptores IGF-I e reduz a intensidade desse sintoma em portadores da Doença de Graves. Muitos anticorpos monoclonais já se encontram aprovados pela ANVISA e disponíveis no mercado, e comumente recebem o sufixo -mab em seus nomes, como o próprio teprotumumab, citado acima.


APLICAÇÕES DA IMUNOTERAPIA

Além de ser uma alternativa para o combate ao câncer, a imunoterapia também possui diversas outras aplicações. Uma delas é o controle de alergias, que ocorre através dos Allergy Shots, que não são nada mais que a injeção de doses controladas de alérgenos, a fim de dessensibilizar os linfócitos T através da estimulação de alguns tipos de Treg (FoxP3+ CD4+CD25+ e Tr1). Outros exemplos incluem o tratamento de verrugas, através de imunomoduladores tópicos como Samcyprone®, e o tratamento de doenças como a Alopecia Areata com anticorpos monoclonais como o rituximab.


PERSPECTIVAS PARA O FUTURO

Em meio a todos esses recentes avanços no campo da imunoterapia, os próximos anos se apresentam como um período promissor, mas desafiador para essa modalidade de tratamento. Dentre os desafios, está a contenção de efeitos colaterais decorrentes de transferências de linfócitos T, a busca de antígenos mais eficientes para promover um melhor ataque a diversos tipos de câncer e de novas maneiras para suprimir doenças autoimunes através de imunomoduladores


Referências

1. Wraith DC. The Future of Immunotherapy: A 20-Year Perspective. Front Immunol. 2017;8:1668. Published 2017 Nov 28. doi:10.3389/fimmu.2017.01668

2. Liu M, Guo F. Recent updates on cancer immunotherapy. Precis Clin Med. 2018;1(2):65–74. doi:10.1093/pcmedi/pby011



Mateus de Souza Silva Pereira.

Acadêmico do 4º período de Medicina da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais.


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