Dezembro Vermelho
- SAIBA+
- 15 de dez. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 6 de jan. de 2020
SOBRE A DOENÇA
A AIDS é uma doença causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), um retrovírus, caracterizada por uma profunda imunossupressão. A transmissão do vírus ocorre sob condições que facilitam a troca de sangue ou líquidos corporais contendo o vírus ou células infectadas pelo vírus. As principais vias de transmissão são o contato sexual, a inoculação parenteral e a passagem do vírus de mães infectadas para os seus recém-nascidos.
Segundo o Boletim Epidemiológico HIV/Aids do Ministério da Saúde, publicado em 2019, em 2018 foram registrados 37.161 casos de Aids. E, apesar das taxas de detecção da Aids terem caído no Brasil nos últimos anos, algumas regiões – como Norte e Nordeste – mostraram uma tendência de crescimento na detecção, o que mostra a relevância do assunto. Por isso, o Governo Federal instituiu o último mês do ano como Dezembro Vermelho, para conscientizar sobre o combate à Aids.
ETIOPATOGÊNESE
O vírus do HIV-1 tem duas glicoproteínas virais, gp120 e gp41, que são críticas para a sua infecção nas células dos hospedeiros. Além disso, ele possui, em seu centro, a proteína p24 – principal antígeno viral para a detecção e alvo para os anticorpos usados no diagnóstico do HIV.
A imunodeficiência profunda – que afeta primariamente a imunidade celular – é a característica da AIDS. Isso ocorre devido a infecção nos linfócitos T CD4 e a grande perda deles, e o comprometimento da função de linfócitos T auxiliares sobreviventes. A infecção das células pelo HIV se dá pela ligação da molécula CD4 com a glicoproteína gp120 – isso explica o tropismo seletivo dos vírus pelos linfócitos T CD4 e outras células CD4, como monócitos, macrófagos e células dendríticas. A gp120, presente no vírus, também se liga aos correceptores na membrana celular para entrar na célula. Uma vez incorporado, o genoma do RNA do vírus sofre transcrição reversa, levando à síntese de um DNA complementar. O DNAc pode ficar latente, dentro da célula ou incorporado ao DNA celular, ou dar início à transcrição produzindo novas partículas virais e gerando a morte celular. A perda dos linfócitos T CD4 se dá em razão da infecção e dos efeitos citopáticos dos vírus em replicação. E, à medida que a infecção evolui, a renovação de linfócitos T CD4 não consegue suprir a perda celular que está acontecendo.
CURSO DA INFECÇÃO
Após a infecção pelo vírus, inicia-se a fase aguda da doença, caracterizada pela ampla disseminação do vírus e pelo desenvolvimento de uma resposta imune ao HIV, podendo haver uma Síndrome Retroviral Aguda (SRA) – febre alta, linfadenomegalia transitória, mal-estar, fadiga, perda de apetite, entre outros – que se resolve espontaneamente. Após a fase aguda, inicia-se o período de latência clínica, em que os locais de replicação e destruição celular são o baço e os linfonodos. Nessa fase, a maioria dos linfócitos T CD4 do sangue periférico não abrigam o vírus, porém a destruição celular continua ocorrendo nos tecidos linfoides e a contagem de linfócitos T CD4 no sangue periférico diminui constantemente, ainda se mantendo acima de 350 céls/mm³. Ao final dessa fase, quando a contagem de linfócitos T CD4 está entra 200 e 300 céls/mm³, iniciam-se alguns sintomas constitucionais como: febre, diarreia, sudorese e emagrecimento. Além disso, podem começar a aparecer algumas infecções oportunistas menores, como a candidíase oral, a candidíase vaginal, o herpes-zoster e até a tuberculose. A AIDS, Síndrome da Imunodeficiência Aguda, é a fase final da progressão da infecção, caracterizada pelo colapso das defesas do hospedeiro, o aumento da carga viral plasmática e a doença clínica grave. Tipicamente o paciente apresenta febre de longa duração, cansaço, emagrecimento, neoplasias secundárias ou doença neurológica. A contagem de linfócitos T CD4 nessa fase encontra-se abaixo de 200 céls/mm³.
Referências
1. KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran, Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para manejo da infecção pelo HIV em adultos. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Boletim Epidemiológico HIV/Aids. Brasília: Ministério da Saúde, 2019.

Bárbara Camargo da Rocha Pereira.
Acadêmica do 7º período de Medicina do Centro Universitário de Belo Horizonte.
Muito bom!! :)
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