CORONAVÍRUS
- SAIBA+
- 6 de fev. de 2020
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Atualizado: 16 de fev. de 2020
PANORAMA DA PANDEMIA
Nas últimas semanas, estamos acompanhando a expansão do coronavírus, responsável pela pandemia originada na China, que vêm assustando todo o planeta. Mundialmente, já se somam 24.631 infectados. De acordo com Julio Croda, diretor do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. “os números demonstram claramente que o foco da transmissão é local, e está bastante concentrado na China, na região de Hubei. 99% dos casos estão lá". Essa região foi considerada o epicentro da doença e se encontrou isolada nas últimas semanas.
De acordo com dados do dia 5/02/2020 do Ministério da Saúde, 21 casos em território brasileiro já foram descartados. Ao mesmo tempo, atualmente somam 11 casos suspeitos do vírus no Brasil. As regiões do país com maior número de casos é o Rio Grande do Sul seguida por São Paulo.
A OMS classificou a pandemia como de risco “elevado” para contaminação internacional. Essa classificação é decorrente da facilidade de disseminação do vírus, que é por via aerossol, ou seja, partículas suspensas no ar, que são expelidas quando espirramos, por exemplo. Essa transmissão também pode ocorrer por meio do contato físico, com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
O CORONAVÍRUS
O novo vírus causador da pandemia é, na verdade, uma cepa da família dos coronavírus, que é conhecida desde 1965. Os coronavírus são vírus de RNA envelopados e recebem esse nome devido as espículas localizadas em seu entorno, que lembram o formato de uma coroa. São da ordem dos Nidovirales e da família Coronaviridae. Dentro dessa família estão, por exemplo, o vírus da SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e da MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio), que também já assustaram a comunidade internacional por sua patogenicidade e serem causadores de síndrome respiratória grave e gastrointestinal. Nesse sentido, a nova cepa ainda não tem um nome oficial, sendo a sigla 2019-nCoV usada para se referir a ela.
Sabe-se que todos os coronavírus que tem capacidade de afetar humanos possuem origem animal. Por isso, o grande problema é que são capazes de romper uma barreira genética por meio de mutações, que permitem que sejam transmitidos de animais para humanos e, em seguida, entre os humanos. Ainda não se sabe de qual animal a cepa 2019-nCoV foi originada, contudo, acredita-se que foram dos morcegos e que o hospedeiro intermediário seja a cobra, vendida em mercados chineses.
SINTOMAS E RESPOSTA IMUNE AO VÍRUS
O sistema imune de cada indivíduo reage à exposição ao vírus de diferentes formas, assim, o espectro clínico da doença é extremamente diverso, podendo variar de sintomas de resfriados até sintomas de pneumonias graves. Entretanto, os denominadores comuns na sintomatologia dos pacientes são sempre manifestações respiratórias, já que o vírus se replica mais intensamente no sistema respiratório baixo. Assim, o quadro inicial do paciente será uma síndrome gripal com apresentação de tosse, dificuldade de respirar, febre e fadiga. Alguns sintomas menos comuns são diarreia, hemoptise, dor de cabeça e expectoração. Em caso de suspeita, deve-se realizar a análise laboratorial de secreções nasofaríngicas, que são coletadas por aspiração ou com o swab. Essa análise pode ser feita pelo método RT-PCR ou pelo sequenciamento parcial ou total do genoma viral.
Ainda não foi possível ainda descrever o grau de patogenicidade nem de disseminação do vírus. Portanto, a suscetibilidade ao vírus é geral. Além disso, não se sabe se os pacientes que não evoluíram para óbito adquirirão imunidade contra a doença. Sabe-se, contudo, que profissionais da saúde estão extremamente sujeitos à infecção, juntamente da população de alto risco, que engloba idosos, hospitalizados, imunodeprimidos e portadores de doenças crônicas.
DIAGNÓSTICO E PREVENÇÃO
O período de incubação do vírus é de 5 dias, com intervalo de até 16 dias. Além disso, existem evidências de que o indivíduo possa transmitir a doença mesmo sem apresentar sintomas. O tratamento desse vírus ainda não é específico e consiste no tratamento da dor de dos sintomas respiratórios. Vale lembrar que o paciente infectado deve permanecer em isolamento durante o tratamento.
Diante disso, algumas medidas de prevenção vêm sendo recomendadas pelo Ministério da Saúde como: evitar tocar nos próprios olhos, nariz e boca sem lavar as mãos; realizar a lavagem frequente das mãos; cobrir o nariz ou a boca com o antebraço quando tossir ou espirrar; ficar em casa quando estiver doente; não compartilhar objetos pessoais; evitar contato com animais selvagens ou de fazendas; e evitar contato com pessoas doentes.
PERSPECTIVAS
O mundo atual é intensamente globalizado não apenas no que tange a troca de informações, culturas e mercadorias, mas também no que tange as doenças. O coronavírus, por não possuir elevada letalidade, está propenso a se expandir com alta velocidade pelo mundo. É por isso que conhecer a respeito do vírus e das medidas profiláticas se torna de suma importância, tendo em vista que as pesquisas ainda são muito recentes.
Referências.
1. BRANSWELL, Helen. Experts Warn of Possible Sustained Global Spread of New Coronavirus: If the virus cannot be contained, it could start regularly circulating in the population like other common respiratory viruses. 2020. Disponível em: <https://www.scientificamerican.com/article/experts-warn-of-possible-sustained-global-spread-of-new-coronavirus/>. Acesso em: 05 fev. 2020.
2. BRASIL. Ministério da Saúde. Infecção Humana pelo Novo Coronavírus (2019-nCoV). Boletim epidemiológico, Brasília, v.2, Jan.2020. Disponível em: <https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2020/janeiro/28/Boletim-epidemiologico-SVS-28jan20.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2020.
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Coronavírus e novo coronavírus: o que é, causas, sintomas, tratamento e prevenção. Portal do governo brasileiro, Brasília, v.2, Jan.2020. Disponível em: <https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2020/janeiro/28/Boletim-epidemiologico-SVS-28jan20.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2020.
4. BRASIL. Organização das Nações Unidas. OMS: perguntas e respostas sobre o coronavírus. Jan.2020. Disponível em: <https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2020/janeiro/28/Boletim-epidemiologico-SVS-28jan20.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2020.
5. Corman VM, Landt O, Kaiser M, et al. Detection of 2019 novel coronavirus (2019-nCoV) by real-time RT-PCR. Eurosurveillance 2020; 25. DOI:10.2807/1560- 7917.ES.2020.25.3.2000045.
Huang C, Wang Y, Li X, et al. Clinical features of patients infected with 2019 novel coronavirus in Wuhan, China. The Lancet 2020; : S0140673620301835 <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0140673620301835?via%3Dihub> Acesso em: 05 fev. 2020.
6. OLIVEIRA, Pedro Ivo de. Cai para 11 o número de suspeitas de infecção por coronavírus no país: Ministério da Saúde confirma 21 casos totalmente descartados. 2020. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-02/cai-para-11-o-numero-de-suspeitas-de-infeccao-por-coronavirus-no-pais#>. Acesso em: 05 fev. 2020.
7. TESINI, Brenda L. Coronavírus e novo coronavírus: o que é, causas, sintomas, tratamento e prevençãoCoronavírus e síndromes respiratórias agudas graves (MERS e SARS). 2018. Disponível em: <https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/v%C3%ADrus-respirat%C3%B3rios/coronav%C3%ADrus-e-s%C3%ADndromes-respirat%C3%B3rias-agudas-graves-mers-e-sars> Acesso em: 05 fev. 2020.

Clara Chagas Barbosa Santos
Acadêmica do 4º período de Medicina da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais.
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