Anticorpos monoclonais
- SAIBA+
- 17 de jan. de 2020
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RESPOSTA IMUNE
Anticorpos são proteínas usadas pelo sistema imunológico para identificar e neutralizar corpos estranhos como bactérias, vírus ou células tumorais. Também conhecidos como Imunoglobulinas (Ig), os anticorpos são produzidos e secretados por linfócitos B, em resposta à presença de antígenos. Cada anticorpo produzido reconhece um epítopo ou porção específica do antígeno. A especificidade da ligação antígeno-anticorpo garante uma ação mais precisa sobre o alvo, fazendo com que microrganismos possam ser diretamente neutralizados ou atacados por outros componentes do sistema imunológico que passam a reconhecê-los.
ANTICORPOS MONOCLONAIS
Anticorpos monoclonais (mAbs) são anticorpos produzidos por um único clone de um linfócito B, sendo, portanto, idênticos em relação às suas propriedades físico-químicas e biológicas. Inicialmente eles eram produzidos em laboratório a partir de linfócitos B isolados de camundongos cujos sistemas imunológicos haviam sido estimulados pelo antígeno de interesse. Para melhorar a vida útil de produção da produção do mAbs, os linfócitos isolados eram fundidos com células de mieloma, produzindo os chamados hibridomas. Contudo, devido à sua origem murina, se usados de forma continuada durante uma terapia esses mABs estimulam uma reação imunológica ao próprio anticorpo. Em outras palavras, há a produção de anticorpos anti-drogas (ADAs) que, além de inativar o efeito terapêutico, podem induzir a eventos adversos. Diferentes estratégias têm sido desenvolvidas para se obter mAbs cada vez mais “humanizados”, onde porções do anticorpo murino, que induzem à imunogenicidade, são substituídos por sequências proteicas humanas. E, atualmente, já é possível criar anticorpos monoclonais completamente humanos, utilizando principalmente duas técnicas distintas, uma baseada em camundongos transgênicos e outra na tecnologia de phage display (técnica de biologia molecular, que permite selecionar e isolar vetores de clonagem gerados a partir de bibliotecas genômicas).
APLICAÇÃO DOS ANTICORPOS MONOCLONAIS
Esse tipo de medicamento imunobiológico é visto como a grande promessa da biomedicina contemporânea, sobretudo por sua utilidade em terapias contra vários tipos de cânceres, artrite reumatoide e doenças neuro-degenerativas. Para ter uma dimensão da relevância desses produtos na política nacional de saúde brasileira, destaca-se que cerca de 60% dos recursos destinados à aquisição de medicamentos essenciais do Sistema Único de Saúde (SUS) são destinados à compra desse tipo biofármaco, conforme dados do Ministério da Saúde. Além disso, o Brasil é hoje o terceiro maior mercado desse medicamento no mundo, atrás apenas dos EUA e da China.
Referências
1. GROOT, Anne S. de; SCOTT, David W.. Immunogenicity of protein therapeutics. Trends In Immunology, [s.l.], v. 28, n. 11, p.482-490, nov. 2007. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.it.2007.07.011.
2. WEINER, George J.. Building better monoclonal antibody-based therapeutics. Nature Reviews Cancer, [s.l.], v. 15, n. 6, p.361-370, 22 maio 2015. Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1038/nrc3930.
3. SEDINI, Sandra. A Pesquisa em Anticorpos Monoclonais no Brasil: O que Está Direcionando a Produção de Conhecimento? 2017. Disponível em: . Acesso em: 24 ago. 2017.

Thais Gontijo Goulart Leite.
Acadêmica do 6º período de Medicina da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais.
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