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Alterações Imunológicas Relacionadas à Desnutrição

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    SAIBA+
  • 26 de mar. de 2020
  • 3 min de leitura

Você sabia que a desnutrição é uma das causas mais comuns de imunodeficiência? A nutrição é um determinante imperativo das respostas imunológicas. A desnutrição, principalmente proteica, afeta significativamente a imunidade mediada por células, a função dos leucócitos e a produção de citocinas. Uma alimentação balanceada é essencial para o desenvolvimento do sistema imunológico, dessa forma os efeitos da deficiência de nutrientes sobre a resposta imune dependem da magnitude, duração e do período do agravo. Sendo assim, implicações nutricionais acarretarão reduzida resposta imune.


A NUTRIÇÃO E A IMUNIDADE

Os componentes necessários para gerar uma resposta imunológica eficaz estão reduzidos diante de uma nutrição desequilibrada, dessa forma, o êxito da resposta imune requer a participação e a coordenação de células não-específicas e específicas, as quais são determinadas pela nutrição. Estudos realizados tanto em estudos experimentais quanto em humanos privados de micronutrientes específicos têm confirmado o papel crucial dos minerais na manutenção da imunocompetência. Esses trabalhos demonstraram que a reposição do nutriente deficiente à dieta pode restaurar a função imune e aumentar a resistência à infecção. Assim, a desnutrição tem efeitos adversos sobre os mecanismos imunológicos, aumentando a suscetibilidade às infecções e estabelecendo um ciclo vicioso. Com o agravamento do estado nutricional por diminuição da ingestão, há aumento das perdas, má absorção e comprometimento da mobilização dos estoques corporais.


TIPOS DE DESNUTRIÇÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

No cenário epidemiológico, a desnutrição energético-proteica (DEP) é a causa mais comum de imunodeficiência secundária. Carências nutricionais envolvem, geralmente, escassez de proteínas, calorias e vários micronutrientes. Estudos sobre desnutrição apontam deficiências graves, principalmente de vitamina A e dos minerais cobre, zinco e magnésio. A deficiência de micronutrientes também pode resultar em alteração da resposta imunológica à substâncias estranhas. Cobre, zinco, ácido fólico e vitaminas A, C, E e B-6, todos exercem importante influências sobre o sistema imunológico e sua falta acarreta em comprometimento do sistema imune.

Os micronutrientes são compostos orgânicos essenciais. Além de sua função regulatória, atuam de maneira decisiva na modulação da resposta imune. Sua deficiência pode ocorrer devido à ingestão inadequada ou associada a doenças específicas. Quando associada à desnutrição, à multideficiência de minerais pode acarretar disfunções imunológicas e aumento na suscetibilidade a infecções, afetando gravemente a eficácia de intervenções terapêuticas. Cobre, zinco e magnésio atuam como cofatores de enzimas responsáveis tanto por diversas atividades metabólicas como na resposta imune inata e adquirida, além do papel importante na maturação dos tecidos e células linfóides. Sua deficiência acarreta neutropenia e linfopenia, comprometendo a imunocompetência.

Além disso, pesquisas mostraram que os órgãos linfóides centrais e periféricos apresentam hipotrofia ou até mesmo atrofia na desnutrição como: timo, nódulos linfáticos, baço e tonsilas palatinas. Ademais, as funções metabólicas do indivíduo são realizadas principalmente pelo fígado. Dentro deste órgão moram milhares de hepatócitos, células que ocupam 80% do fígado. Junto com essas células metabólicas está ainda no fígado, uma das maiores populações imunes do organismo, formada principalmente por macrófagos (chamados de “células de Kupffer”), células dendríticas e linfócitos. Essas células atuam como sentinelas constantes, eliminando produtos e microrganismos infecciosos provenientes da microbiota intestinal, e também substâncias tóxicas que ingerimos, como medicamentos, drogas e álcool. Como tudo que alimentamos passa primeiro pelo fígado antes de chegar em qualquer parte do corpo, um desequilíbrio nutricional afetará profundamente as funções imunológicas e metabólicas do indivíduo.


CONCLUSÃO

As alterações ocasionadas pelos déficits séricos dos minerais cobre, zinco e magnésio comprometem o funcionamento do sistema imune, levando à imunossupressão. A reposição desses elementos no manejo da desnutrição grave, como preconizada pela Organização Mundial da Saúde é essencial. A nutrição, portanto, é um fator preponderante na manutenção do estado de saúde e bem estar do indivíduo. Para que as diversas células do sistema imunológico funcionem de maneira adequada, é necessário que nutrientes apropriados (como glicose, aminoácidos e ácidos graxos) sejam ingeridos na quantidade e qualidade corretas pelo indivíduo.


Referências.

1. MACEDO, Érika Michelle C. de et al . Efeitos da deficiência de cobre, zinco e magnésio sobre o sistema imune de crianças com desnutrição grave. Rev. paul. pediatr., São Paulo , v. 28, n. 3, p. 329-336,Sept. 2010 .

2. Black R. Micronutrient deficiency: an underlying cause of morbidity and mortality. Bull World Health Organ 2003;81:79.

3. Cunningham-Rundles S, McNeeley DF, Moon A. Mechanisms of nutrient modulation of the immune response. J Allergy Clin Immunol 2005;115:1119-28.

4. Marcos A, Nova E, Montero A. Changes in the immune system are conditioned by nutrition. Eur J Clin Nutr 2003;57 (Suppl 1):S66-9.

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Izabela Silveira Amédée Péret.

Acadêmica do 6º período de Medicina da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais.

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