DIAGNÓSTICO DA SÍFILIS
- simposiosaiba
- 22 de out. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 8 de mar. de 2022
O diagnóstico laboratorial da sífilis pode ser feito por diferentes métodos, sendo que cada um varia de acordo com o tempo de evolução da doença. Na sífilis primária e em algumas lesões da fase secundária, o diagnóstico da doença pode ser feito por meio de uma prova direta, ou seja, pela demonstração do Treponema pallidium (agente etiológico da doença). O exame de sorologia pode ser feito por volta de 2 semanas após aparecimento do cancro (lesão típica da sífilis), pois é nesse período que os anticorpos começam a ser detectados.
Provas diretas para diagnóstico da sífilis:
1- Exame em campo escuro: Retira-se material da lesão, leva para o microscópio com condensador de campo escuro e com uma luz indireta é possível visualizar o agente etiológico (T. pallidium) vivo e móvel. A sensibilidade do teste varia de 74-86% e a especificidade pode alcançar 97%, sendo um exame rápido, barato e definitivo.
2- Imunofluorescência direta: É um exame específico e com elevada sensibilidade (maior que 90%). É denominado em inglês por DFA-TP (diret fluorescente- antibody Testing for T. pallidium).
->Provas sorológicas para diagnóstico da sífilis: O T. pallidum origina dois tipos de anticorpos no organismo humano, os anticorpos inespecíficos (dão origem aos testes não treponêmicos) e os anticorpos específicos (dão origem aos testes treponêmicos).

1- Testes não treponêmicos: O principal teste não treponêmicos realizado atualmente é o VDRL (Veneral Disease Research Laboratory). Esse exame é feito a partir de amostra de sangue do paciente, que é processada e adicionada à uma placa de vidro com vários reagentes. Por meio desse teste é possível identificar a presença de anticorpos circulantes e a sua concentração, indicando a gravidade da doença. Esse exame é dado em títulos, sendo que quanto maior o título, mais positivo é o resultado do teste. O resultado é considerado reagente, quando possuir título a partir de 1/16, o que significa que mesmo diluindo o sangue 16 vezes ainda é possível identificar anticorpos.
Se o resultado for negativo, indica que a pessoa está curada da doença ou nunca entrou em contato com a bactéria causadora da sífilis. Se o resultado for reagente, a pessoa que cedeu a amostra pode ter a doença ou não, uma vez que no teste VDRL existem resultados falso-positivos devido às reações cruzadas que podem acontecer, o que pode significar que a pessoa tem outras enfermidades, como hepatite, malária, asma, tuberculose.
Na sífilis tardia, com tratamento, da doença o VDRL pode apresentar resultado negativo devido ao baixo número de anticorpos presentes no sangue do paciente. Vale destacar, que na sífilis primária, o exame pode dar negativo, pois é necessário no mínimo 5-6 semanas após a infecção para o exame positivar ou pelo menos 2-3 semanas após o aparecimento do cancro.
Esse exame de VDRL apesar de apresentar falso- positivo, apresenta muita utilidade, principalmente nas pacientes grávidas, uma vez que a realização desse teste no início do pré-natal e no segundo semestre de gravidez reduzem as chances do bebê adquirir problemas neurológicos decorrentes da sífilis materna. Isso é afirmado, pois permite o rápido diagnóstico da doença, o que possibilita tratamento imediato, reduzindo as chances da mãe transmitir a doença para o bebê.
2- Testes treponêmicos: Possuem a função de confirmar a reatividade dos testes não treponêmicos. Esses testes positivam mais cedo que os não treponêmicos e podem se manter positivos mesmo após o tratamento de uma pessoa que foi infectada.
Existem vários tipos de testes treponêmicos, sendo que os mais usados atualmente são o EIA (Imunoensaio enzimático treponêmico) e Western-blot. O EIA é um teste treponêmico que combina o VDRL com o TPHA (Teste de hemoaglutinação). Já o Western-blot é um exame que identifica anticorpos contra imunodeterminantes IgM e IgG de massas moleculares. Esses testes apresentam alta especificidade e sensibilidade em todas as fases da sífilis.
3- Testes rápidos treponêmicos: O principal realizado atualmente é o ensaio imunocromatográfico que promove a detecção visual e qualitativa de anticorpos (IgG, IgM e IgA) contra o antígeno T. pallidum em amostra de sangue, soro e plasma humano. Esse teste apresenta sensibilidade e especificidade de mais de 93%.
4- Exame do Líquor: O exame do líquor cefalorraquidiano (LCR) é indicado em pacientes com diagnóstico sorológico de sífilis recente ou tardia com sintomas neurais e em pacientes que mantiveram nível elevado de anticorpos após o tratamento. Esse exame também é indicado em pacientes HIV-positivos. O diagnóstico da doença através desse teste é feito pela combinação de positividade à prova sorológica, aumento de celularidade (maior que 10 linfócitos/ml) e proteínas no LCR (superior a 40mg/dl). O principal método de exame do líquor para diagnóstico da Neurossífilis é o VDRL, que apresenta baixa sensibilidade e alta especificidade.
REFERÊNCIAS
1- AVELLEIRA, João. BOTTINO, Giuliana. Sífilis: Diagnóstico, tratamento e controle. Anais brasileiros de Dermatologia, março de 2006.
2- MORRIS, Sheldon. Sífilis. San Diego: Manual MSD, julho de 2019

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