top of page

Dia 8 de Março: Dia Internacional da Mulher

  • Foto do escritor: SAIBA+
    SAIBA+
  • 6 de mar. de 2020
  • 3 min de leitura

Oficializado pela ONU em 1975, no dia 08 de março comemoramos o Dia Internacional da Mulher, data em que todos somos convidados a refletir sobre a importância e o papel desempenhado pelas mulheres em nossa sociedade. Nessa data tão marcante, nós da comissão organizadora do III SAIBA parabenizamos todas as mulheres por seu dia e desejamos apresentar no blog de hoje algumas particularidades sobre o sistema imunológico da mulher.


IMUNOLOGIA MASCULINA X FEMININA

Diversos estudos têm relatado uma importante diferença entre a resposta imune dos homens e das mulheres ao enfrentar infecções e até mesmo em resposta à vacinação. De acordo com um estudo realizado por Marcus Altfeld, imunologista do Instituto Heinrich Pette, na Alemanha, as mulheres possuem uma resposta imune humoral e mediada por células mais rápida e eficiente aos desafios antigênicos quando comparadas aos homens. Por outro lado, as mulheres também estão mais vulneráveis a adquirirem doenças autoimunes, incluindo Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), Esclerose Múltipla (EM), Artrite Reumatóide e Tireoidite de Hashimoto. O fato de ser mulher confere um risco maior de suscetibilidade ao desenvolvimento de algumas doenças autoimunes do que qualquer gene ou fator ambiental identificado até o momento.


O PAPEL DO IFN- α

O interferon-alfa (IFN-α) é uma glicoproteína pertencente a família das citocinas, que participa no controle, replicação celular e na defesa do hospedeiro contra organismos estranhos, como vírus ou bactérias. Embora o IFN-α tenha sido inicialmente conhecido pela propriedade antiviral, numerosas investigações posteriores mostraram que o IFN-α está envolvido na regulação do crescimento celular e no efeito imunomodulatório.

Assim, parte da explicação do fenômeno pelo qual o sistema imunológico feminino é mais robusto, está no fato de que células dendríticas plasmocitóides (pDCs) derivadas de mulheres produzem significativamente mais IFN-α em resposta aos ligantes TLR7 (Receptores do tipo Toll) do que células dendríticas derivadas de homens, resultando em uma ativação imunológica mais forte. É importante destacar que hormônios sexuais também podem regular a resposta do IFN-α à estimulação do TLR7. No entanto, os mecanismos subjacentes a essa diferença sexual na produção de IFN-α induzida por TLR7 por pDCs permanecem desconhecidos.


O PAPEL DOS ESTERÓIDES SEXUAIS

Além dos fatores descritos anteriormente, outro importante modulador da resposta imunológica são os esteróides sexuais. Esses hormônios alteram o funcionamento das células imunes e suas vias de sinalização pela ligação a receptores específicos, que são expressos em várias células do tecido linfóide, bem como nos linfócitos, macrófagos e células dendríticas em circulação.

Alguns andrógenos, como a dihidrotestosterona (DHT) e a testosterona, são responsáveis por suprimirem a atuação de células imunes e aumentarem a síntese de citocinas anti-inflamatórias, como a interleucina-10.

Já o estrogênio atua de forma mais complexa na imunologia feminina. Esse hormônio apresenta dois subtipos de receptores, ERα e ERβ, que são expressos diferencialmente em subconjuntos de células imunes; assim, os efeitos diferenciais dos estrógenos na função imune provavelmente refletem a concentração do hormônio, a distribuição e o tipo de receptor hormonal na célula imune. Porém, sabe-se que a exposição de células NK ou macrófagos a concentrações fisiológicas de estrogênio aumenta a síntese de citocinas pró-inflamatórias, como IL-1, IL-6 e TNF-α.


CONCLUSÃO

Por fim, após realizadas todas essas considerações, destacamos a importância da realização de novos estudos acerca dessa temática. Dessa forma, ao se aprofundar nessa temática, será possível realizar um melhor planejamento em relação a prevalência de doenças autoimunes. Outro benefício seria realizar um rastreamento da incidência de alterações na resposta imunes à vacinação, como a ocorrência aumentada de efeitos colaterais na população feminina, que além de gerar impactos para saúde dessas mulheres, resultam em prejuízos econômicos e sociais para toda a sociedade.


Referências.

1. Amjadi F, Salehi E, Mehdizadeh M, Aflatoonian. Role of the innate immunity in female reproductive tract. Adv Biomed Res, v.3, p.1-37, 2014.

2. GRIESBECK, Morgane et al. Sex differences in plasmacytoid dendritic cell levels of IRF5 drive higher IFN-α production in women. The Journal of Immunology, v. 195, n. 11, p. 5327-5336, 2015.

3. Klein, SL, Jedlicka, A. e Pekosz, A. (2010). Os Xs e Y das respostas imunes às vacinas virais. The Lancet. Doenças infecciosas , 10 (5), 338-349. https://doi.org/10.1016/S1473-3099(10)70049-9

4. Voskuhl, R. Diferenças de sexo em doenças auto-imunes. Biol Sex Differ 2, 1 (2011). https://doi.org/10.1186/2042-6410-2-1

5. ZIMMERER J.M., LESINSKI G.B., KONDADASULA S.V., KARPA V.I., LEHMAN A., RAYCHAUDHURY A., BECKNELL B., CARSON W.E. IFN-alpha-induced signal transduction, gene expression, and antitumor activity of immune effector cells are negatively regulated by suppressor of cytokine signaling proteins. J Immunol. Baltimore, v.178, p.4832- 4845, Apr. 2007.




Victor Pinheiro Felix.

Acadêmico de Medicina do 6º período da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais.

Comments


bottom of page