O LEITE MATERNO E SEU PODER IMUNOLÓGICO
- simposiosaiba
- 23 de fev. de 2022
- 3 min de leitura
INTRODUÇÃO
O aleitamento materno representa uma das experiências nutricionais mais precoces do recém-nascido que materno contém aproximadamente uma centena de componentes que não podem ser replicados no leite artificial, dentre eles, várias substâncias imunomoduladoras. No Brasil, a maioria das mulheres inicia o aleitamento materno; entretanto, mais da metade das crianças já não se encontra em amamentação exclusiva no primeiro mês de vida, o que contraria a recomendação da OMS de que o aleitamento exclusivo deve durar até os seis meses de idade.
Dentre as diversas funções e componentes que o leite materno apresenta, a principal e indispensável delas é o armazenamento de anticorpos produzidos pela mãe que irá proteger o lactente contra patógenos presentes em seu entorno. Além disso, esta produção de anticorpos é induzida cada vez mais a cada contato do lactente com sua mãe, pois durante a amamentação há troca de microbiota da saliva do bebê para a mãe. Se o bebê toma leite artificial, terá somente seus próprios anticorpos (que são presentes em níveis baixos) e um sistema imunológico imaturo, se tornando extremamente vulnerável a infecções. Para ilustrar estes benefícios, é possível descrever que a lactação diminui a incidência e/ou a gravidade de várias doenças como, diarreia, botulismo, enterocolite necrotizante, alergias, doenças infecciosas e respiratórias, entre outras doenças, incluindo as auto-imunes, como também estimula o desenvolvimento adequado do sistema imunológico do bebê. Já outros tipos de leite aumentam os riscos de desenvolvimento de doenças e alergias, e podem ocasionar lesões no intestino imaturo do lactente.
ELEMENTOS DE PROTEÇÃO DO LEITE MATERNO
§ Alfa-lactoalbumina: É a principal proteína do leite materno, representando 10-20% da proteína total. Pesquisas mostraram [2] que esta proteína provoca apoptose (“suicídio celular”) de mais de quarenta tipos de câncer.
§ Células tronco: atuam como uma espécie de “sistema de reparação interna”
§ Linfócitos T: Linfócitos T CD8+ são importantes na resposta imune citotóxica, eliminando células infectadas por vírus ou células tumorais, por exemplo. Já os linfócitos T CD4+ são um subgrupo de linfócitos que se encarregam de coordenar a resposta imune celular.
§ Imunoglobulinas (IgA, IgG, IgM e IgD): A mais importante é o IgA, que recobrem as mucosas e protegem o bebê da entrada de microrganismos causadores de infecções, como E. coli, salmonella, shigella, estreptococo, estafilococo, pneumococo, poliovirus e rotavirus.
§ Macrófagos e Neutrófilos: atuam rodeando e destruindo bactérias patológicas além de fabricar a lisozima e recrutar linfócitos para atuação contra patógenos.
§ Lactoferrina: É uma proteína que se une ao ferro e atua como fator de defesa, prevenindo o crescimento bacteriano e a formação de biofilmes
§ Citocinas: participam de um importante papel da modulação e da proteção do sistema imune do leite materno, sendo a principal a interleucina 7 (IL-7) , relacionada com o tamanho do timo, um dos órgãos centrais no sistema imunológico.
§ Defensinas: São peptídeos antimicrobianos inatos que participam de maneira importante na defesa contra invasão microbiana.
§ Fatores de Crescimento: contribuem para a maturação de sistemas fisiológicos do organismo do bebê, como no desenvolvimento da mucosa intestinal e na imunomodulação.


CONCLUSÃO
O resultado de pesquisas e estudos é de que a amamentação exclusiva é essencial nos primeiros seis meses de vida do bebê. Torna-se inegável que esta conduta contribui para um desenvolvimento saudável, prevenindo infecções e assim diminuindo a mortalidade infantil e a morbidade futura dos indivíduos.
REFERÊNCIAS
1. Lamounier JA, Vieira GO, Gouvêa LC. Composição do Leite Humano - Fatores Nutricionais. In: Rego JD. Aleitamento Materno. Rio de Janeiro: Atheneu; 2001. p. 47-58.
2. WHO - World Health Organization. Global strategy for infant nf young child feeding. Geneva; 2003.
3. Toma TS, Rea, MF. Benefícios da amamentação para a saúde da mulher e da criança: um ensaio sobre as evidências. Cad Saúde Pública. 2008; 24(Supl 2): 235-46.

Comments