IMUNOTERAPIA E O TRATAMENTO DE ALERGIAS RESPIRATÓRIAS
- simposiosaiba
- 9 de nov. de 2021
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A imunoterapia alérgeno-específica é, atualmente, uma das grandes apostas para o tratamento de hipersensibilidade imediata, principalmente para aquelas com sintomas respiratórios intensos, como a rinite alérgica.
Tal reação de hipersensibilidade do tipo I é marcada por ação e interação das imunoglobulinas tipo E (IgE) e mastócitos com alérgenos ambientais, que, a partir da liberação de componentes inflamatórios, causam efeitos fisiológicos no organismo humano.
A sensibilização de um indivíduo por um alérgeno desencadeia uma resposta com inúmeros mediadores inflamatórios, como histamina, quimiocinas, citocinas e espécies reativas de oxigênio. Esse mecanismo é capaz de ativar respostas imunológicas que variam de acordo com o antígeno e com o organismo de cada indivíduo.
É necessário, ademais, ressaltar a importância epidemiológica associada às doenças alérgicas respiratórias, as quais têm grande ocorrência no mundo e atualmente atingem aproximadamente 40% da população mundial(ROSA, 2016). Dentro deste grupo, pode-se citar a rinite alérgica e a asma.
Além de necessário a compreensão de que o mecanismo imunológico envolvido em tais alergias respitórias é mediado por anticorpos IgE, deve-se levar em consideração a existência de inúmeros fatores agravantes ou deflagradores de tais crises alérgicas, definidos como alérgenos ambientais, como poeira doméstica, ácaros, fungos e pólen.
A imunoterapia específica é um opção terapêutica contra tais doenças alérgicas, e é realizada através da administração de diversas doses, gradativas e cada vez mais concentradas, de extratos de alérgenos, aplicadas em intervalos regulares durante um longo período. Essa técnica é capaz de elevar a imunidade do individuo, para que, assim, este apresente uma sensibilidade menor a essa substância. Pode ser considerada, portanto, um eficaz método de dessensibilização e uma possível profilaxia de doenças mediadas por IgE atópica, impedindo reações alérgicas imediatas graves e interferindo na inflamação de condições alérgicas de longa duração.
A ação da imunoterapia é intimamente relacionada a diversas modificações imunológicas, como o aumento progressivo de anticorpos alérgeno-específicos da classe IgG, com atividade bloqueadora para os alérgenos, além de uma simultânea redução da produção de IgE alérgeno-específico. O aumento do IgG no organismo e sua consequente ligação com o alérgeno impede que ele se ligue à IgE nas superfícies de mastócitos e basófilos, fazendo com que, assim, haja uma limitação da liberação de mediadores inflamatórios, evitando a cascata de fenômenos decorrentes das respostas mediadas pela IgE.
Conclui-se, portanto, que a imunoterapia específica atua de forma a conduzir a um estado de tolerância a determinados alérgenos, reduzindo a necessidade do uso de fármacos controladores da doença e da sintomatologia a longo prazo. Sua indicação é restrita a situações em que outras terapias foram ineficazes e deve sempre envolver a administração do alérgeno padronizado específico em um esquema de tratamento que assegure que uma quantidade adequada do alérgeno. A Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia & Sociedade Brasileira de Pediatria indica que a contraindicação de tal técnica envolve pacientes com doença coronariana, pacientes em uso de medicamentos betabloqueadores ou pacientes que sofrem de demais doenças com acometimento imunológico, como imunodeficiências e doenças autoimunes.

Referências:
1. ROSA, T. J. SPECIFIC IMMUNOTHERAPY FOR THE TREATMENT OF RESPIRATORY ALLERGIES: A REVIEW OF ITS USE. Revista Brasileira de Análises Clínicas, v. 49, n. 4, 2016.
2. FACCIO, J. da S. O. .; PEREIRA, V. S.; CORREA, S. R.; GARCIA, H. da S. S.; CICCOTI, S. G.; CONSTANTINO, R. B.; DA CRUZ, A. F. Imunoterapia como nova perspectiva no tratamento de hipersensibilidade tipo 1 nas vias aéreas. Revista Brasileira Multidisciplinar, [S. l.], v. 24, n. 1, p. 175-186, 2021.

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