Anafilaxia Sistêmica
- simposiosaiba
- 14 de dez. de 2021
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A anafilaxia sistêmica é uma reação de hipersensibilidade imediata que decorre da liberação de mediadores inflamatórios por mastócitos e basófilos, advinda do contato com um alérgeno específico. Os sistemas cardiovascular, respiratório, gastrointestinal e cutâneo são os mais afetados, se tratando de uma reação aguda e possivelmente fatal, e os principais agentes causadores incluem alimentos, medicamentos e veneno de insetos.
Fisiopatologia
O mecanismo central envolvido na anafilaxia é a hipersensibilidade mediada por IgE. Quando o indivíduo é previamente exposto ao alérgeno, ocorre um processo de sensibilização, em que o antígeno é processado pelas células apresentadoras de antígeno e apresentado aos linfócitos T, com ativação das células Tfh e consequente estímulo para produção de anticorpos IgE pelos linfócitos B. Esses anticorpos se ligam a receptores de alta afinidade presentes nos mastócitos e basófilos e, diante de um novo contato, identificam o alérgeno e desencadeiam a degranulação e a liberação de mediadores inflamatórios.
A histamina é um dos principais mediadores liberados, que são responsáveis pela sintomatologia da anafilaxia. Sendo assim, esses mediadores se disseminam pelos órgãos e tecidos e interagem com seus receptores, podendo ter diversas ações, como contração da musculatura lisa dos brônquios e do trato gastrointestinal, vasodilatação, prurido, hipotensão e aumento da permeabilidade vascular. Há ainda reações não mediadas por IgE, que podem derivar da ativação do complemento, estímulos físicos e ativação direta de mastócitos, dentre outros.
Manifestações clínicas e diagnóstico
A resposta provocada pela liberação dos mediadores inflamatórios pode ser dividida em aguda, tardia e bifásica. A reação aguda ocorre em um intervalo de segundos a minutos da exposição ao alérgeno e se relaciona com os mediadores pré-formados, enquanto a reação tardia pode ocorrer após algumas horas do contato, sendo decorrente do recrutamento de células inflamatórias variadas.
As manifestações cutâneas são comuns e envolvem prurido, rubor, urticária e angioedema, além de palidez e sudorese. O trato respiratório também pode ser afetado, sendo frequente a queixa de aperto na garganta e dispneia, assim como presença de sibilância, estridores e tosse. Hipotensão, fraqueza e síncope podem estar presentes quando o sistema cardiovascular é acometido e são indicativos de um quadro mais grave, podendo evoluir para choque anafilático. Por fim, podem haver outras apresentações como diarreia, vômito, sonolência e desorientação.
O diagnóstico é majoritariamente clínico e é de extrema importância durante um evento agudo, visto que o paciente pode evoluir rapidamente para um quadro grave de choque ou falência respiratória. Para auxiliar na identificação da anafilaxia sistêmica, existem alguns critérios diagnósticos, observados no esquema ao lado.
Conduta
A principal medida a ser tomada diante de uma anafilaxia sistêmica é a administração intramuscular de epinefrina, que é capaz de reverter o broncoespasmo, a hipotensão e o edema tecidual, proporcionando relaxamento da musculatura lisa dos brônquios, melhora do tônus vasomotor e da permeabilidade vascular. Além disso, deve ser administrado oxigênio e o paciente deve ser colocado em posição supina. Anti-histamínicos e corticoesteróides podem auxiliar no manejo do quadro e prevenir uma resposta tardia.
Referências:
BESEN, Débora Cristina; RIBEIRO, André Motta. Anafilaxia. Arq. Catarin Med, Florianópolis, v. 46, n. 1, p. 154-163, jan. 2017.
SCHWARTZ, Lawrence B. Anafilaxia sistêmica, alergia alimentar e alergia a ferroadas de insetos. In: GOLDMAN, Lee; SCHAFER, Andrew I. Goldman-Cecil Medicina. 25. Ed Gen Guanabara Koogan, 2018. Cap. 253. p. 1730-1735.
YANG, Ariana Campos; GALVÃO, Clóvis Eduardo Santos; CASTRO, Fábio Fernandes Morato. Anafilaxia. In: MARTINS, Mílton de Arruda. Clínica Médica. São Paulo: Manole, 2009. Cap. 8. p. 70-79.

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